Breaking News

Lula admite erros do governo, mas cobra apoio dos movimentos sociais

O ex-presidente Lula no Sindicato dos Bancários, em São Paulo, na noite desta terça-feira
O ex-presidente Lula no Sindicato dos Bancários, em São Paulo, na noite desta terça-feira Foto: Fernando Donasci / Agência O Globo


Sérgio Roxo - O Globo

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou, na noite desta terça-feira, que a “vanguarda” dos movimentos sociais e da esquerda apoiem o governo da presidente Dilma Rousseff apesar de admitir erros em sua gestão. Em ato público organizado pela CUT em São Paulo, Lula disse que a militância deve respaldar o ajuste fiscal, principal ponto de confronto entre Dilma e lideranças do próprio PT.
— Eu fiz um ajuste mais forte do que esse em 2003. Era necessário. Agora, a companheira Dilma tinha necessidade de dar uma parada — disse o ex-presidente, que ainda afirmou que, se o governo estivesse nas mãos do PSDB, os movimentos sociais, que se queixam de falta de diálogo com Dilma, sequer seriam recebidos em Brasília: - Com a Dilma, vocês podem ter certeza que podem negociar. Mas, se fosse um tucano, nem em Brasília vocês iam conseguir chegar - completou.
Lula, no entanto, fez críticas à gestão da presidente. Citou, como exemplo de erro, a decisão do governo de segurar o preço da gasolina em 2012 para evitar a inflação, que provocou um aumento maior este ano:
— É preciso que a gente tenha consciência que nem tudo está certo — discursou.
O petista também fez outra crítica velada à presidente, afirmando que, em seus piores momentos, foi “salvo” não pelo mercado, mas pelos trabalhadores:
— A nossa presidenta Dilma tem que saber, e ela sabe, porque toda vez que eu falo Dilminha daqui e dali, falo pra ela não esquecer dos mais pobres. Ela sabe que, quando eu estava no sufoco, não foi o mercado que jogou uma boia pra me salvar, foi a classe trabalhadora e os movimentos sociais.
O ex-presidente também afirmou que o combate à corrupção deve ser assumido como uma bandeira do partido. Lula elogiou a Petrobras, atribuiu aos governos petistas a descoberta de irregularidades na estatal e disse que erros devem ser punidos. Apesar de criticar o que considerou uma perseguição da mídia ao dar "manchete" para as delações premiadas, o petista disse que, entre diretores e funcionários da estatal, não pode haver erros de corrupção.
— Se alguém fizer merda, vai pagar o preço. As pessoas estão lá para trabalhar, para mostrar sua inteligência e competência.
O ex-presidente disse que o movimento contra a presidente e seu governo tem como objetivo "tirar o povo do poder", mas que é preciso enfrentar as críticas com tranquilidade, já que os manifestantes têm direito de ficar contra o governo. Acrescentou que se “alguém estiver assanhado para ocupar o lugar de Dilma deve esperar até 2018 e estudar”.
- Não tem que ficar com raiva de quem está indo para rua contra nós. Fico irritado quando alguém diz que quem vai contra nós não presta. Não é assim, nós aprendemos a ir pra rua contra o Figueiredo, contra o Collor, contra o Sarney. É a primeira vez que eles vão contra nós, eles têm direito.
Ao se referir diretamente a presidente, que segundo ele poderia estar assistindo o ato pela internet, Lula deu recado de que os movimentos também querem ser ouvidos:
- Você precisa lembrar sempre, que quem está aqui é seu parceiro nos bons e nos maus momentos. A gente não quer ser convidado só para festa, a gente quer ser convidado para discutir coisas sérias, para fazer boas lutas e boas brigas.
Ao falar sobre corrupção, disse o problema é "crônico e histórico em São Paulo".
— Sempre achamos que corrupção não era tema nosso. Mas é tema nosso, porque é o tema da corrupção que levou o Getulio Vargas à morte. É o tema da corrupção que fez com que eles tentassem destituir o Juscelino Kubitschek. É o tema que fez com que tentassem o meu impeachment em 2005, mas só não tiveram coragem porque ficaram com medo do povo brasileiro.
Em outro momento, disse: "Se tem alguém indignado com corrupção no Brasil, sou eu." Também declarou que foi o PT que escancarou a corrupção no país e que os petistas podem aceitar serem chamados de corruptos.
A plenária também foi marcada pela defesa da Petrobras. Lula afirmou que a corrupção na empresa não era generalizada, que as investigações na empresa só ocorreram por causa de mecanismo criados pelos governos petistas e defendeu a gestão do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli, que estava presente. Foi no período que a estatal foi comandada por Gabrielli que correram as principais irregularidades na empresa reveladas pela Operação Lava-Jato.
Novamente recorrendo ao discurso do nós contra eles, Lula disse que os opositores estão "fomentando uma luta de classes de cima para baixo" no país. (Colaborou Julianna Granjeia)


Nenhum comentário