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Na mira de investigação, Del Nero pode ter prisão pedida pelos Estados Unidos


por Jamil Chade / Estadão Conteúdo
Na mira de investigação, Del Nero pode ter prisão pedida pelos Estados Unidos
Foto: Divulgação / CBF
O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, está na lista dos dirigentes que poderão ser alvo de um pedido de prisão por parte dos Estados Unidos, em uma nova rodada de indiciamentos por corrupção no futebol. A reportagem do Estado apurou com exclusividade que o FBI coleta dados sobre o brasileiro e espera incluí-lo na próxima lista de indiciados, além de outras empresas brasileiras com contratos com a CBF.

Nesta segunda-feira, a procuradoria-geral dos EUA, Loretta Lynch, revelou que vai lançar nova operação de prisões e indiciamentos de dirigentes. O anúncio foi feito em entrevista coletiva na Suíça, e ela indicou que dirigentes estarão na próxima rodada de prisões e outras entidades serão investigadas. Segundo os suíços, apartamentos nos Alpes já foram confiscados, além de 121 contas bancárias colocadas sob suspeita.

No dia 27 de maio, a pedido de Loretta, a Justiça suíça prendeu sete dirigentes esportivos em Zurique, entre eles o brasileiro José Maria Marin, que aguarda para saber se será extraditado aos EUA. Ele é acusado de receber propinas em esquemas envolvendo a venda de direitos da Copa do Brasil e da Copa América.

Nomes como o de Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF, até agora não foram citados. Mas, no indiciamento de maio, descrições que apenas poderiam ser preenchidas pelos dois fazem parte das acusações publicadas. Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, dois funcionários da CBF, da Fifa e da Conmebol também estão sob investigação. Essa descrição apenas pode ser representada por Teixeira e Del Nero.

A reportagem apurou que o FBI agora reúne provas, principalmente de contas bancárias e transações, para tentar obter indícios suficientes para que possam construir um caso sólido contra Del Nero. Ele é suspeito de também ter recebido propinas em esquemas de venda de direitos de transmissão da Copa do Brasil ao lado de Marin. O FBI quer provar que o esquema usou o sistema financeiro americano, o que justificaria o pedido de prisão.

Outro nome na lista do FBI é o de Kleber Leite. Sua empresa, a Klefer, teria negociado e organizado o pagamento de propinas, segundo as investigações.

Questionada pela reportagem se os novos indiciamentos atingiriam outros brasileiros além de Marin, Loretta evitou dar uma resposta. Mas não negou. "Expandimos nossa investigação desde maio e vamos abrir novos casos contra pessoas e entidades. A dimensão de nossa investigação não é limitada, e iremos seguir as evidências para onde elas nos levarem. Antecipamos novas acusações contra indivíduos e entidades", disse a americana. Ela, porém, não colocou datas para as novas prisões e pedidos de indiciamento.

Segundo Loretta, uma série de cooperações está em curso em diversos países. Sobre a cooperação prestada pelo Brasil, a procuradora preferiu não comentar nada. "O problema da corrupção no futebol é global, e vamos nos manter vigilantes em nosso esforço para ter uma resposta global", disse.

Loretta não excluiu a possibilidade de estar investigando as propinas pagas entre cartolas e a empresa de marketing ISL. Foi o caso que levou à queda na Fifa de Ricardo Teixeira, o ex-presidente da CBF, apontado em documentos da Fifa como uma das pessoas que receberam dinheiro num esquema de propinas. Outro envolvido foi João Havelange, ex-presidente da Fifa e que acabou renunciando de seus cargos na entidade e no COI por causa do escândalo.

A Justiça suíça anunciará até o fim da semana se aceita ou não o pedido de extradição de Marin feito pelos Estados Unidos. Como o jornal O Estado de S. Paulo revelou na sua edição da última segunda-feira, ele e seus advogados cogitam não recorrer da decisão caso o pedido seja aceito. Só entrarão com recurso se o texto da decisão não for contundente e der margem para uma apelação. Marin receberá nesta na prisão a visita de Georg Friedli, seu advogado suíço.

CHALÉS - Michael Lauber, procurador-geral da Suíça, confirmou que contas e bens de cartolas já foram confiscados. Entre os ativos confiscados estão chalés nos Alpes suíços. "Investimentos em imóveis podem ser usados para lavagem de dinheiro", explicou, sem dar detalhes do proprietário.

Um dos focos da investigação é o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Ele é um dos dirigentes com casas no Alpes.

O Ministério Público suíço confirmou que investiga um contrato assinado por Blatter repassando a um ex-aliado, Jack Warner, os direitos de TV para as Copas de 2010 e 2014. Esses contratos foram revendidos meses depois. Os lucros teriam ter chegado a mais de US$ 15 milhões e, para especialistas, Blatter poderia ser acusado formalmente.

Segundo Lauber, buscas e apreensões foram realizadas em casas na Suíça e mais evidências foram coletadas. "Ainda é cedo para dizer o nome das pessoas que tiveram os ativos bancários confiscados", afirmou.

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