Odebrecht é condenada por trabalho escravo e tráfico de pessoas em Angola
Foto: Arquivo pessoal/BBC Brasil
A construtora Odebrecht e duas de suas subsidiárias foram condenadas
por promover tráfico de pessoas e manter trabalhadores em situação
análoga à escravidão em uma obra em Angola. Segundo a BBC Brasil, o juiz
Carlos Alberto Frigieri, da Justiça do Trabalho, alegou em sua decisão
que os brasileiros que trabalharam na construção da usina Biocom, de
açúcar e etanol, foram submetidos a um regime de trabalho "prestado sem
as garantias mínimas de saúde e higiene, respeito e alimentação,
evidenciando-se o trabalho degradante [...], um verdadeiro calvário, com
a agravante de que muitos trabalhadores adoeceram no local". Além
disso, o magistrado afirmou que a Odebrecht promoveu "aliciamento de
trabalhadores e tráfico de pessoas" ao transportar os operários a Angola
com vistos ordinários, que não dão o direito de trabalhar, em vez de
vistos de trabalho. Para o juiz, o objetivo era contar com "mão de obra
especializada cativa, completamente dominada, com pouca ou nenhuma
capacidade de resistência, eis que mantidos de forma ilegal em país
estrangeiro". A ação teve início após uma reportagem mostrar, em 2013,
que operários relatavam ter sofrido maus-tratos na usina entre 2011 e
2012. Com base nos relatos, o Ministério Público do Trabalho abriu o
inquérito. Em nota, a Odebrecht negou as irregularidades e informou que
vai recorrer da decisão. Segundo a construtora, as condições no canteiro
de obra "foram adequadas e aderentes às normas trabalhistas e de saúde e
segurança vigentes em Angola e no Brasil, incluindo quanto às condições
de alojamento, transporte, sanitárias, de alimentação (...) e saúde,
incluindo presença de serviço médico local e ambulatório". Além disso,
garante que nunca "existiu qualquer cerceamento de liberdade de qualquer
trabalhador nas obras de Biocom" e que a "expatriação de trabalhadores
sempre foi realizada observando a legislação brasileira e angolana".
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