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Saques da poupança devem permanecer acima dos depósitos até o fim do ano, dizem especialistas

No mês passado, a caderneta perdeu R$ 3,199 bilhões em sua captação líquida — depósitos menos retiradas.
No mês passado, a caderneta perdeu R$ 3,199 bilhões em sua captação líquida — depósitos menos retiradas. Foto: Crédito: Bloomberg



Pollyanna Bretas e Rafaella Barros

A quantidade de saques da poupança muito superior à de depósitos é preocupante e deve permanecer assim até o fim do ano, mas a mais tradicional aplicação dos brasileiros ainda não está à beira de um colapso. Essa é a avaliação de especialistas ouvidos pelo EXTRA, após a divulgação, pelo Banco Central (BC), na última sexta-feira, de que, no mês passado, a caderneta perdeu R$ 3,199 bilhões em sua captação líquida — depósitos menos retiradas.
André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, acredita que a situação não vai piorar muito, porque o quadro tende a se revertido até o fim deste ano.
— A Selic (taxa básica de juros) deve cair, com controle da inflação e retorno de crescimento da economia em 2016.
Para Miguel de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a caderneta entraria em colapso somente se a captação negativa — resultado de saques maiores do que depósitos — permanecesse por, pelo menos, mais três ou quatro anos, o que ele considera improvável:
— O quadro atual, porém, já teve consequências. A primeira foi a redução de financiamento de imóveis, feita pela Caixa Econômica federal (o teto de financiamento de imóveis usados acima de R$ 190 mil caiu de 80% para 50%, nos financiamentos com recursos de poupança). Se menos dinheiro entra para a poupança, menos dinheiro há para financiar.
Nelson de Sousa, professor de Finanças do Ibmec, afirma que, se a atual situação perdurasse, até seria possível o saldo da caderneta chegar próximo a zero, mas ele aposta que o governo agiria antes:
— Antes disso acontecer, vão tomar alguma atitude, que pode ser ajustar a rentabilidade da poupança (por mudanças nas regras atuais), que resolveria o problema para aqueles que migram para outras aplicações. Agora, quanto às pessoas que perderam o emprego e precisam sacar o dinheiro por alguma razão, não tem jeito.
Segundo os três especialistas, os principais motivos para o grande volume de saques são inflação alta, emprego em queda e, com a redução do poder de compra, incapacidade de o brasileiro poupar.
Tesouro Direto é boa opção
Para quem tem dinheiro na poupança ou um montante ainda sem destino para ser aplicado, uma boa alternativa é investir no Tesouro Direto, segundo os especialistas de mercado. Miguel de Oliveira, da Anefac, explica que os fundos de renda fixa — entre os quais está o Tesouro Direto — têm rendido bem mais do que a caderneta.
— Em 12 meses, os fundos de renda fixa tiveram uma rentabilidade de 10,19%, contra uma ganho de 7,25% da poupança — disse Oliveira, que, a pedido do EXTRA, fez simulações mostrando a diferença entre a poupança e a renda fixa (confira abaixo).
André Perfeito, da Gradual, diz que mesmo com pouco dinheiro é possível aplicar no Tesouro Direto.
— Com cem reais, o cliente já consegue investir.


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