Testes mostram que aumento de mistura para 27,5% de etanol eleva consumo em 1% ou 2%
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) entregou ao governo federal os resultados de um estudo sobre as consequencias da elevação do teor máximo de etanol anidro na gasolina de 25% para 27,5%, autorizado pela Lei 13033/2014.
Os testes foram feitos com carros atuais equipados com motor a gasolina. Avaliar os modelos flex não faria sentido, uma vez que estes já são desenvolvidos para uma variação de teor de etanol de 18% a 100%.
Em vitude do tempo curto para apresentação dos resultados (até o início de abril), as provas foram feitas em laboratório e bancada. Foram avaliados o comportamento dinâmico (em acelerações e retomadas de velocidade, por exemplo), partida a frio e a quente, a temperatura do catalisador, as emissões e a durabilidade (de válvulas e sedes, pistões e aneis, bicos injetores, bomba de combustível e turbocompressor).
Sete fabricantes participaram dos testes, que tiveram duração de 8 a 35 semanas, conforme o caso.
A Toyota usou como cobaia o híbrido Prius. A PSA Peugeot Citroën testou os motores 1.6 turbo que equipam seus modelos topo de linha. A General Motors avaliou os efeitos em um Camaro. A Ford, nos Fusion 2.0 EcoBoost, Fusion Híbrido e Edge 3.5. A Fiat fez o teste nos Bravo e Punto com motor 1.4 T-Jet, enquanto a Volks usou o Golf VII 1.4 importado e o Jetta 2.0.
Também participaram dos ensaios a Hyundai CAOA e a Honda.
RESULTADOS E CONCLUSÕES
Segundo a Anfavea, os ensaios de dirigibilidade, durabilidade e partida a frio/quente executados até o momento com a gasolina C fornecida pela Petrobras não apresentaram alterações significativas.
Quanto à emissão de poluentes, houve um aumento no nível de óxidos de nitrogênio (NOx), mas dentro dos limites estabelecidos pelo Proconve.
Já o consumo de combustível aumenta de 1% a 2% em relação à gasolina com 25% de etanol.
As conclusões - atá o momento, como o relatório da Anfavea faz questão de enfatizar - é que não foram encontradas evidências que impeçam o uso da gasolina com 27,5% de etanol nos veículos avaliados.
O aumento do consumo de combustível poderá aumentar o índice de reclamações de consumidores, incluindo os donos de veículos flex.
MODELOS MAIS ANTIGOS SOFREM MAIS
Solução do governo federal para socorrer o setor sucroalcooleiro em crise, o aumento da proporção de álcool na gasolina (de 25% para 27%) vigora desde o dia 16 de março.
O teste da Anfavea foi realizado apenas em motores modernos, com injeção eletrônica, tratamento reforçado contra oxidação e mapeamento que permite ajustes automáticos no ponto de ignição.
Quanto mais antigo o veículo, pior será o efeito da atual mistura de 27% de etanol na gasolina - na década de 80, os motores eram calibrados para usar uma adição de apenas 10% de álcool anidro. Carros de países vizinhos ou trazidos por importação direta também poderão sentir com mais intensidade os efeitos do novo coquetel.
Para estes casos, a Anfavea recomenda o uso da gasolina Premium (leia-se Podium, da Petrobras, única gasolina deste tipo no país), que continua com teor de álcool de 25%. O problema é seu preço bem mais alto do que o das gasolinas comum e aditivada, passando de R$ 4 em muitos postos.
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