Ministro do TCU nega contato com advogado suspeito de vender informação do tribunal
Ministro Raimundo Carreiro
Adv.Tiago Cedraz Min.(TCU) Aroldo Cedraz
BRASÍLIA - O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Raimundo Carreiro disse ao GLOBO que não conhece o advogado Tiago Cedraz, que nunca o viu no tribunal e que não o recebeu em seu gabinete, nem mesmo trocou telefonemas com o advogado. Tiago é filho do presidente do TCU, ministro Aroldo Cedraz, e foi citado na delação premiada do dono das construtoras UTC e Constran, Ricardo Pessoa.
Segundo os depoimentos do empreiteiro, o advogado de 32 anos recebeu R$ 50 mil mensais para fornecer informações privilegiadas do tribunal e para tentar alterar a pauta de processos. Pessoa afirmou também ter pago R$ 1 milhão para ver atendidos interesses sobre um processo relacionado às obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ). Carreiro foi o ministro relator do processo. Tiago nega as acusações.
– Não conheço, nunca vi Tiago no tribunal. (Esse dinheiro) é um acerto dele com Pessoa – disse o ministro do TCU.
Na noite de ontem, Carreiro protocolou uma petição no Supremo Tribunal Federal (STF) em que solicita acesso ao conteúdo integral dos depoimentos de Pessoa. O pedido foi dirigido ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Operação Lava-Jato no STF. "Com base no aludido depoimento, os órgãos de imprensa associaram meu nome ao referido episódio", cita Carreiro na petição, que alega ter direito ao "exercício do contraditório e da ampla defesa".
O ministro do TCU disse que, antes, ligou ao gabinete de Teori para pedir acesso à delação, o que foi negado por conta do sigilo dos depoimentos.
– Sou massacrado de manhã, à tarde e à noite. Requeri o conteúdo da delação premiada, o pedido foi negado, e continuo sendo massacrado – afirmou Carreiro.
A UTC integra um consórcio – juntamente com Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Odebrecht – vencedor de uma concorrência no fim de 2013 para obras em Angra 3 no valor de R$ 3,1 bilhões. O consórcio, por ser vencedor, optou por um pacote de obras que inclui edificações não nucleares, no valor de R$ 1,75 bilhão. Os edifícios ligados ao reator nuclear ficaram sob a responsabilidade do consórcio Angra 3, formado por Queiroz Galvão, Empresa Brasileira de Engenharia (EBE) e Techint Engenharia e Construções.
Nenhum comentário