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Advogada morta em bar na Zona Norte do Rio havia sido assaltada há um mês e temia violência na região

Kelly tinha 32 anos Foto: Reprodução do Facebook
Ana Carolina Torres e Fabiano Rocha

Morta numa tentativa de assalto a um bar no Riachuelo, na Zona Norte do Rio, na noite desta quinta-feira, Kelly Costa de Araújo, de 32 anos, havia sido vítima da violência urbana há apenas um mês: ela teve o celular roubado por um ladrão que aparentava ser menor de idade, naquele mesmo bairro. Assustada, comentou com parentes que estava com muito medo da violência na região. A informação foi dada ao EXTRA pelo tio de Kelly, o motorista de caminhão Adilson Eduardo da Costa, de 43 anos.
- Ali assaltos são frequentes. Ela mesma falava com a gente que era muito perigoso. Morava lá por conveniência, porque fica perto da faculdade onde ela estudava. Mas tinha vontade de sair - contou ele.
Adilson no IML
Adilson no IML Foto: Fabiano Rocha / Extra
Além de Kelly - que era filha única -, o também advogado Manuel Luís da Silva, de 35 anos, morreu na tentativa de assalto. Ela, atingida nas costas e ele, na cabeça. Os dois dividiam um apartamento com um terceiro rapaz que, segundo Adilson, também estava no bar mas conseguiu escapar sem ferimentos. O trio teria decidido ir ao estabelecimento, na Rua Vitor Meireles, por ficar perto de casa.
- Foi tudo tão estúpido. Uma covardia enorme. Num momento ela estava viva e no outro, tudo tinha se acabado. A ficha ainda não caiu. É brabo. Só Deus para dar forças mesmo - disse o motorista.
Manuel sonhava ser delegado
Manuel sonhava ser delegado Foto: Reprodução do Facebook
Segundo informações da polícia, a tentativa de assalto foi cometida por dois jovens de moto. Eles haviam acabado de anunciar o roubo e um cliente do bar reagiu gritando. Um dos bandidos abriu fogo. Quando os dois suspeitos fugiam, uma pessoa inciou uma perseguição e atirou. Um dos assaltantes, um menor de 15 anos, foi atingido e morreu.
O bar onde os advogados foram baleados
O bar onde os advogados foram baleados Foto: Fabiano Rocha / Extra
Os corpos de Kelly e Manuel estão no Instituto Médico-Legal (IML). O enterro da advogada deve ocorrer no Rio e de seu colega, em Pernambuco, sua terra natal. A Divisão de Homicídios (DH) investiga o caso e já ouviu o depoimento do colega de apartamento dos dois.
Mãe internada
Ao saber da notícia da morte da filha única, a mãe de Kelly passou mal e teve que ser internada num hospital do Rio. Segundo Adilson, Maria Aparecida ficou muito nervosa:
- Ela está abalada demais. Imagina só perder uma filha assim, desse jeito tão estúpido.
O motorista contou ainda que a avó da advogada, Adalgiza, também está inconsolável e chora sem parar.
Recém formados
Kelly e Manuel haviam se formado em direito no fim do ano passado. Moradora de Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ela se mudou para o Riachuelo para ficar perto da faculdade. Atualmente, trabalhava num restaurante mas seu maior sonho era conseguir seu registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e passar num concurso público. Já ele queria ser delegado.
- Uma menina que tinha todo um futuro ótimo pela frente. É tristeza demais. Aguentar isso está sendo muito difícil - disse Adilson.
No Facebook, um sobrinho de Manuel postou uma mensagem emocionada: "A dor é tão grande. Parece que nem acredito que você foi embora. A violência levou você sem pedir licença... Deus falou agora tinha que ser logo com você... Um eu te amo do seu eterno sobrinho... Deixou muita saudade...".

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