Advogada morta em bar na Zona Norte do Rio havia sido assaltada há um mês e temia violência na região
Morta
numa tentativa de assalto a um bar no Riachuelo, na Zona Norte do Rio,
na noite desta quinta-feira, Kelly Costa de Araújo, de 32 anos, havia
sido vítima da violência urbana há apenas um mês: ela teve o celular
roubado por um ladrão que aparentava ser menor de idade, naquele mesmo
bairro. Assustada, comentou com parentes que estava com muito medo da
violência na região. A informação foi dada ao EXTRA pelo tio de Kelly, o
motorista de caminhão Adilson Eduardo da Costa, de 43 anos.
-
Ali assaltos são frequentes. Ela mesma falava com a gente que era muito
perigoso. Morava lá por conveniência, porque fica perto da faculdade
onde ela estudava. Mas tinha vontade de sair - contou ele.
Além
de Kelly - que era filha única -, o também advogado Manuel Luís da
Silva, de 35 anos, morreu na tentativa de assalto. Ela, atingida nas
costas e ele, na cabeça. Os dois dividiam um apartamento com um terceiro
rapaz que, segundo Adilson, também estava no bar mas conseguiu escapar
sem ferimentos. O trio teria decidido ir ao estabelecimento, na Rua
Vitor Meireles, por ficar perto de casa.
- Foi tudo tão estúpido.
Uma covardia enorme. Num momento ela estava viva e no outro, tudo tinha
se acabado. A ficha ainda não caiu. É brabo. Só Deus para dar forças
mesmo - disse o motorista.
Segundo
informações da polícia, a tentativa de assalto foi cometida por dois
jovens de moto. Eles haviam acabado de anunciar o roubo e um cliente do
bar reagiu gritando. Um dos bandidos abriu fogo. Quando os dois
suspeitos fugiam, uma pessoa inciou uma perseguição e atirou. Um dos
assaltantes, um menor de 15 anos, foi atingido e morreu.
Os
corpos de Kelly e Manuel estão no Instituto Médico-Legal (IML). O
enterro da advogada deve ocorrer no Rio e de seu colega, em Pernambuco,
sua terra natal. A Divisão de Homicídios (DH) investiga o caso e já
ouviu o depoimento do colega de apartamento dos dois.
Mãe internada
Ao
saber da notícia da morte da filha única, a mãe de Kelly passou mal e
teve que ser internada num hospital do Rio. Segundo Adilson, Maria
Aparecida ficou muito nervosa:
- Ela está abalada demais. Imagina só perder uma filha assim, desse jeito tão estúpido.
O motorista contou ainda que a avó da advogada, Adalgiza, também está inconsolável e chora sem parar.
Recém formados
Kelly
e Manuel haviam se formado em direito no fim do ano passado. Moradora
de Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ela se mudou
para o Riachuelo para ficar perto da faculdade. Atualmente, trabalhava
num restaurante mas seu maior sonho era conseguir seu registro na Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB) e passar num concurso público. Já ele
queria ser delegado.
- Uma menina que tinha todo um futuro ótimo
pela frente. É tristeza demais. Aguentar isso está sendo muito difícil -
disse Adilson.
No Facebook, um sobrinho de Manuel postou uma
mensagem emocionada: "A dor é tão grande. Parece que nem acredito que
você foi embora. A violência levou você sem pedir licença... Deus falou
agora tinha que ser logo com você... Um eu te amo do seu eterno
sobrinho... Deixou muita saudade...".
Nenhum comentário