Operação da PF ocorre em 6 estados e apura propinas referentes à construção de ferrovias
Foto: Tânia Rego / Agência Brasil
A operação deflagrada pela Polícia Federal na madrugada desta
sexta-feira (26) investiga desdobramentos da Operação Lava Jato, com
base em informações colhidas em acordo de leniência e delação premiada
de um dos investigados. Ao todo, são seis os estados em que ocorrem o
cumprimento dos sete mandados de condução coercitiva e 44 mandados de
busca: Paraná, Maranhão, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo,
Distrito Federal e Goiás. Segundo informações do jornal Folha de S.
Paulo, a sede da Odebrecht, no Rio de Janeiro, e a da Constran, em São
Paulo, estão entre os alvos das buscas. Na capital paulista, a PF também
esteve na casa de um funcionário da Serveng, que atua na área de
construção, mineração, energia. Ainda de acordo com Folha, a operação
foi batizada de “O Recebedor”, em menção à defesa apresentada por um dos
alvos de uma investigação anterior, a “Trem Pagador”, na qual os
advogados alegaram que “se o trem é pagador, o alvo não era recebedor”.
A Trem Pagador foi realizada em 2012 e teve como alvo José Francisco
Neves, o “Juquinha”, ex-presidente da Valec, estatal responsável pelas
ferrovias. Ele e outras sete pessoas foram denunciadas no ano passado
pelo Ministério Público Federal por diversas irregularidades em obras de
ferrovias. O delator – que segundo a Globo News, seria da construtora
Camargo Correa – segundo informações da PF, teria fornecido provas
documentais e testemunhais contra outras pessoas e empresas que teriam
participado do esquema criminoso. As buscas tem como objetivo reunir
provas do pagamento de propina relacionado a construção das Ferrovias
Norte-Sul (FNS) e Integração Leste-Oeste, além de prática de cartel e
lavagem do dinheiro ilícito obtido por meio do superfaturamento de obras
públicas. Apenas no estado de Goiás, foi verificado um desvio da ordem
de mais de R$ 630 milhões, considerando-se somente trechos executados na
construção da Ferrovia Norte-Sul. A apuração aponta também que as
empreiteiras envolvidas realizavam pagamentos regulares, por meio de
contratos simulados, a um escritório de advocacia e a mais duas empresas
com sede em Goiás. Os pagamentos eram utilizados como fachada para
aparentar uma origem lícita para o dinheiro originário de fraudes em
licitações públicas. A O Recebedor, tem relação também, segundo Folha,
com a Operação Crátons, que é desmembramento da Lava Jato, que apura um
esquema de exploração e comércio ilegal de diamantes em Rondônia, na
reserva indígena Parque do Aripuanã, localizada em um local conhecido
como Garimpo Laje, onde reside a etnia Cinta Larga. Empresários,
garimpeiros, comerciantes e até indígenas teriam envolvimento no
esquema, rastreado a partir das atividades do doleiro Carlos Habib
Chater, que foi preso na primeira fase da Operação Lava Jato.
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