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Nova fase da Lava-Jato tem marqueteiro João Santana como alvo


João Santana e Dilma, durante o intervalo do primeiro debate na campanha presidencial de 2010
João Santana e Dilma, durante o intervalo do primeiro debate na campanha presidencial de 2010 Foto: Marlene Bergamo/Folhapress/10-10-2010
Renato Onofre e Marco Grillo - O Globo

SÃO PAULO E RIO — A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta segunda-feira, a 23ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de "Acarajé" em alusão ao termo utilizado por investigados para denominar dinheiro em espécie. O publicitário João Santana é um dos alvos desta etapa. Foram expedidos mandados de prisão para ele e sua mulher e sócia, Monica Moura. Ambos estão na República Dominicana. Os nomes de ambos serão incluídos na lista da Interpol em alerta vermelho. Segundo sua assessoria, Santana vai se apresentar à PF junto com Monica.
Também foi preso o engenheiro Zwi Skornicki, apontado pela Polícia Federal como um dos maiores operadores de propina da Petrobras. Preso desde junho do ano passado, o empresário Marcelo Odebrecht teve um novo pedido de prisão negado pelo juiz Sério Moro. Ele está no Compleco Médico Penal e será levado a depor na sede da PF nesta segunda-feira.
A PF cumpriu 51 mandados, sendo 38 de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva, 6 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva. As ações aconteceram em três estados com a participação de 300 agentes da PF. No Rio, os mandados foram cumpridos na capital, em Angra dos Reis, Petrópolis e Mangaratiba. Também houve cumprimento de mandados na capital paulista, em Campinas e Poá, em São Paulo. Na Bahia, os policiais federais atuaram em Salvador e Camaçari.
SUSPEITA DE RECEBER US$ 7,5 MILHÕES
João Santana foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Há mandado de prisão temporária expedido contra ele e sua mulher e sócia, Monica Santana. O casal está na República Dominicana, onde trabalham na campanha de Danilo Medina à reeleição, e, por isso, não foram presos. À Globonews, Monica disse que voltará ao Brasil assim que receber a notificação da Justiça.
O publicitário é acusado de receber US$ 7,5 milhões em contas no exterior através da offshore Klienfeld, que já foi indentificada pela Lava-Jato como um dos caminhos de propina da Odebrecht no exterior. Foram identificados quatro depósitos entre abril de 2012 e março de 2013 que totalizaram US$ 3 milhões.
Outra parte teria origem em contas de Zwi Skornicki, que foi preso preventivamente nesta segunda-feira. Skornicki foi preso em casa, na Barra da Tijuca, no Rio.
Ele teria feito nove depósitos à offshore que perteceria a João Santana, entre 2013 e 2014, que totalizariam US$ 4,5 milhões. De acordo com os investigadores, os valores passaram por bancos em Londres e Nova York antes de chegarem à Suíça. A suspeita da PF é de que o pagamento veio de serviços eleitorais prestados ao PT.
— Chama atenção, e por isso a gente imputa o crime de lavagem a João Santana, que nos extratos do Citibank há clara referência de que os depósitos estavam relacionados a contratos — afirmou o delegado Filipe Hille Pace.
João Santana passou a ser investigado em um inquérito sigiloso após suspeitas de manter contas no exterior, com origem não declarada. Um dos indícios da existência das contas para a Polícia Federal são anotações apreendidas na casa de Zwi Skornicki. Segundo a revista "Veja", as anotações foram atribuídas à Monica Moura, que teria indicado as contas do marido fora do país. Na ocasião, Santana negou a prática de caixa 2 por meio de sua empresa, a Pólis Propaganda & Marketing.
AGENTES EM SEDES DA ODEBRECHT
Os agentes também estiveram nas sedes da Odebrecht em São Paulo, no Rio e na Bahia. Dois carros da PF foram à Avenida Pasteur, onde fica a Odebrecht Óleo e Gás, e na Praia de Botafogo, na sede da construtora, ambos no Rio. Eles chegaram ao local por volta de 7h30m e permanecem dentro da sede da empresa.
Na sede da Odebrecht Óleo e Gás no Rio, funcionários foram dispensados após a chegada dos agentes da PF. Só ficaram no prédio aqueles cujo trabalho seria essencial para o desenrolar da operação, como, por exemplo, o fornecimento de senhas dos computadores. As portas foram fechadas e ninguém pode entrar. Por volta das 10h30m, um entregador que precisava levar um pacote para uma funcionária foi barrado e precisou voltar.
Em nota, a Odebrecht informou que a empresa “está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento”.
CAMPANHAS NA MIRA
No sábado, João Santana se colocou à disposição para prestar esclarecimentos à força tarefa da Lava-Jato após o juiz Sérgio Moro negar a seus advogados o acesso às investigações envolvendo o publicitário. Santana comandou as três últimas campanhas do PT à Presidência — da presidente Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, e a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006.
Em ofício encaminhado ao juiz Sérgio Moro, o criminalista Fabio Tofic, que representa o publicitário e sua mulher, afirmou que os dois estão dispostos a prestar esclarecimentos em qualquer investigação que envolva os seus nomes. Tofic afirma que o casal “foge completamente ao perfil de investigados” na Operação Lava-Jato.
A última fase da Lava-Jato havia sido deflagrafa no dia 22 de janeiro. O alvo foi uma empresa que abre offshores no exteruor e o Condomínio Solaris, no Guarujá, suspeito de ter apartamentos usados na lavagem de dinheiro. Na ação, chamada de Triplo X.

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