Plano contra zika da OMS foca Brasil; Banco Mundial pode destinar R$ 500 mi
por Estadão Conteúdo | Fábio de Castro e Cláudia Trevisan, correspontende
Zika Vírus (pontos pretos) em tecido humano | Foto: Cynthia Goldsmith/ CDC
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou ontem um plano
estratégico de resposta à epidemia de zika que prevê investimentos
globais de US$ 56 milhões. Pelos critérios de distribuição dos recursos,
o Brasil receberá a maior parte. As ações previstas envolvem
vigilância, campanhas, controle do mosquito, cuidados médicos e
pesquisa. Outros R$ 500 milhões, de um fundo planejado para o ebola,
podem ser destinados ao combate da emergência internacional causada pelo
Aedes aegypti. O principal objetivo do plano, segundo a OMS, é
"investigar e dar respostas sobre a relação entre zika e microcefalia e
outras complicações neurológicas". Segundo a diretora-geral da entidade,
Margaret Chan, embora a zika fosse antes considerada uma doença branda,
"a situação hoje é dramaticamente diferente". "Possíveis ligações com
complicações neurológicas e más-formações congênitas mudaram rapidamente
o perfil de risco." A OMS e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas)
financiarão US$ 25 milhões, enquanto US$ 31 milhões serão divididos
entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Fundo de
População das Nações Unidas (Unfpa) e outros parceiros. Embora a
distribuição dos recursos seja global, só os países com presença do
Aedes, da zika e de más-formações congênitas receberão recursos em todas
as áreas. Apenas o Brasil preenche todos os quesitos. Países que têm o
mosquito, mas não têm a presença de zika, por exemplo, só receberão
recursos na área de vigilância e controle do vetor. A preocupação com o
Brasil é tão grande que a partir da próxima semana autoridades
sanitárias de vários países, incluindo os Estados Unidos, virão ao País -
além da própria Margaret Chan, que desembarca dia 23. Segundo o plano
da OMS, quase US$ 15,5 milhões serão investidos no engajamento das
comunidades e mais de US$ 14,2 milhões em assistência às pessoas
afetadas. Serão distribuídos US$ 7 milhões para vigilância - que inclui
diagnósticos e monitoramento da microcefalia -, mais US$ 6,4 milhões
para controle do Aedes aegypti e US$ 6,3 milhões para pesquisas. Já o
Banco Mundial trabalha na formação de um fundo internacional de US$ 500
milhões para combate de pandemias que poderia ser utilizado no surto de
zika. O assunto foi discutido ontem em Washington pelo presidente da
instituição, Jim Yong Kim, e representantes da comunidade científica,
entre os quais o presidente da Academia Nacional de Medicina dos Estados
Unidos, Victor Dzau. A ideia de criação do fundo começou a ser
discutida no ano passado, em resposta ao surto de ebola, e ganhou nova
urgência com o zika.
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