PT vai à televisão para tentar conter corrosão política e eleitoral de Lula
Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula
O PT intensifica a partir desta terça-feira (2) uma campanha para
tentar conter o processo de corrosão eleitoral de Luiz Inácio Lula da
Silva. Líderes do partido e até assessores diretos do ex-presidente, em
conversas reservadas nos últimos dias, avaliaram que o estrago político
das mais recentes suspeitas levantadas pelas investigações em curso está
se tornando praticamente irreversível no médio prazo - até a eleição
presidencial de 2018. Nas palavras de um petista com acesso a Lula
ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo, ao menos por enquanto, o
problema do ex-presidente é mais grave na esfera política do que na
criminal, na qual, segundo o próprio juiz Sérgio Moro, responsável pela
Operação Lava Jato na 1.ª instância, ainda não há investigação formal
que tenha Lula como foco. O PT teve acesso a pesquisas variadas sobre o
desgaste imposto pelas investigações à imagem do ex-presidente e decidiu
que uma reação conjunta de defesa de Lula se tornou imperativa, sob
risco de o partido chegar sem um nome eleitoralmente viável às eleições
de 2018, quando Dilma Rousseff não poderá mais concorrer ao Planalto
porque já foi reeleita em 2014. Lula vem perdendo pontos em praticamente
todos os cenários nos quais é testado como candidato do PT a presidente
e a rejeição ao nome dele vem crescendo a cada sondagem. Ontem, o
Instituto Ipsos divulgou os resultados de um levantamento que questionou
os entrevistados, no mês passado, sobre a imagem do ex-presidente.
Apenas 25% disseram acreditar que Lula é "um político honesto".
A despeito da defesa enfática de Lula em público, em privado petistas de
alto escalão no partido e no governo já admitem que as ligações do
ex-presidente com as empreiteiras alvo da Lava Jato, reveladas em
capítulos nos últimos oito meses, são difíceis de serem explicadas
politicamente. Anteontem, o próprio Lula admitiu ter visitado o
condomínio Solaris, no Guarujá (SP), junto com o ex-executivo da
empreiteira OAS Léo Pinheiro, condenado à prisão. O Solaris é um dos
alvos da Lava Jato. Lula e sua mulher, Marisa Letícia, tinham a opção de
compra de uma unidade no condomínio, que foi assumido pela OAS após a
quebra da Bancoop. A Lava Jato também apura a reforma feita por outra
empreiteira, a Odebrecht, em um sítio localizado em Atibaia (SP)
utilizado por Lula e sua família. Para os petistas, até agora Lula tem
apresentado respostas rápidas na esfera jurídica, porém deixado a
desejar na política porque não consegue ser claro ao explicar qual a
natureza de sua relação com as empreiteiras investigadas na Lava Jato. O
desgaste de Lula fez aliados históricos do PT colocar em ação um
projeto que tem como horizonte tirar o partido da cabeça de chapa em
2018. PDT e PC do B já trabalham nos bastidores com a possibilidade de
ter um nome do PT como vice do ex-ministro Ciro Gomes (hoje no PDT) para
a sucessão da presidente Dilma. Um governador aliado de Dilma afirmou
ao Estado que a própria presidente já admite a hipótese de apoiar um
nome que não seja do PT para sua própria sucessão, desde que ele esteja
empenhado em defender a atual gestão da petista. A partir de hoje, em
rede nacional de rádio e TV, o PT fará uma defesa enfática do
ex-presidente nas inserções do horário partidário gratuito. Ficarão
relegados a segundo plano os conteúdos relativos à gestão Dilma e a
questões do partido. Em um dos quatro vídeos já tornados disponíveis, o
presidente da sigla, Rui Falcão, diz que o País inteiro sabe o que Lula
fez para melhorar a vida do povo brasileiro. "Por isso mesmo, ele tem
sido alvo de ataques, provocações e perseguições pelos preconceituosos
de sempre. Eles não aceitam que o Lula continue morando no coração do
nosso povo, principalmente daqueles que mais precisam", afirma
Falcão. Apesar de Lula não aparecer no vídeos, a defesa feita por Falcão
é enfática. Já Dilma não aparece nas quatro inserções e não há defesa
de sua gestão. Nos vídeos, o PT vai afirmar que crises fazem parte da
história de todos os países e que nenhuma dessas nações superou tais
momentos sem trabalho e união. Além dessas inserções, o programa
partidário do PT está programado para o dia 23 deste mês. A ideia é
defender a imagem do partido, abalada pelas investigações na Petrobras.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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