Gay assumido, atleta do salto Ian Matos diz que preconceito é menor com as mulheres: 'Ficamos intimidados'
Um
dia antes da abertura da Olimpíada, um grupo de jogadoras de vôlei, que
não estavam convocadas, posou para uma foto com a placa: “Vai, não se
esconde, vem ‘pro’ sapabonde”. A gíria pode ser novidade, mas a atitude
não. Mayssa Pessoa, do handebol, e Rafaela Silva, do judô, não escondem
seus relacionamentos homoafetivos nas redes sociais. Entre os homens,
porém, não é tão natural. Em janeiro de 2014, Ian Matos, dos saltos
ornamentais, assumiu sua homossexualidade, mas seu bonde não está tão
cheio.
“A
sociedade aceita melhor a homossexualidade feminina, e parte disso se
deve à indústria pornográfica. Há muitos homens heterossexuais que não
se importam em ver duas mulheres se beijando. Quando a situação é
contrária, acham absurdo”, diz ele. “Nós, os homens, ficamos mais
intimidados sim, porque nossa sociedade é machista, hipócrita e
homofóbica. A gente precisa ser acolhido, e os homossexuais ainda vivem
na exclusão social”.
Por isso repercutiu tão mal a matéria do
jornal britânico “The Daily Beast” na qual um editor se passou por
homossexual e aprontou uma armadilha para atletas na Vila Olímpica. Ele
marcou encontros e, na publicação, deu dicas sobre a identidade daqueles
com quem havia conversado. O problema é que alguns deles vivem em
países bastante repressores: “Ele colocou a vida dessas pessoas em
perigo. Foi antiético e antiprofissional”, critica Ian Matos.
Apoio nas redes
Terreno
preferido dos usuários com discursos de ódio, a internet é o principal
ambiente onde todo tipo de preconceito ganha voz. Ian Mattos lamenta,
mas destaca que nunca foi vítima de ataques virtuais. “Pelo contrário,
recebo apoio de muita gente que admira a minha coragem. Acho que minha
forma de falar abertamente sobre o assunto intimida esse tipo de
comportamento”.
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