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Julgamento final do impeachment começa nesta quinta-feira

Julgamento do Impeachment começa hoje
Julgamento do Impeachment começa hoje Foto: Ailton de Freitas / O Globo
Júnia Gama, Cristiane Jungblut e Eduardo Bresciani - O Globo

BRASÍLIA — Nove meses após o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter aceitado a denúncia com o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, o Senado inciará nesta quinta-feira o julgamento que deverá consolidar, definitivamente, a troca de comando no país. Caso se confirme a condenação, Dilma, afastada do cargo desde 12 de maio, quando o Senado aceitou o processo contra ela, será a segunda presidente na história republicana brasileira a sofrer impeachment — 24 anos depois de Fernando Collor de Mello ter o mandato abreviado em meio a denúncias de corrupção.
Na contagem de votos, tanto na base aliada do presidente interino, Michel Temer, quanto na oposição, comandada pelo PT, há número suficiente para a condenação de Dilma.
Até a noite de ontem, 52 senadores haviam declarado ao GLOBO voto favorável ao impeachment. São necessários 54 votos (dois terços do total dos 81 senadores) para cassar o mandato. Reservadamente, senadores que evitam se manifestar publicamente admitem que se posicionarão contra Dilma, o que torna muito difícil a tentativa da petista de reverter o cenário.
O julgamento que começa hoje será o desfecho do mais grave capítulo da crise que dominou o país desde a reeleição da presidente, em outubro de 2014, por uma diferença de 3,5 milhões de votos. No entanto, seu afastamento definitivo não é garantia de que haverá tranquilidade no meio político. O julgamento se inicia justamente na semana em que Temer enfrenta a pior crise em sua base aliada desde que ascendeu interinamente ao poder, com o confronto entre PSDB e PMDB em torno do compromisso com o ajuste fiscal.
A presidente afastada será julgada pela acusação de ter praticado crimes de responsabilidade devido aos atrasos de repasses do Tesouro ao Banco do Brasil por despesas do Plano Safra (de crédito agrícola) e à edição de decretos de crédito sem autorização do Congresso. De acordo com o Senado, esses atos violariam dois artigos previstos na Lei de Impeachment.
Tamanha é a certeza de que a cassação de Dilma será aprovada que Temer já pensa em sua cerimônia de posse. No Planalto, a ordem é que o serviço seja “rápido, simples e sóbrio”. Após assinar o termo de posse no Senado, Temer deverá embarcar em sua primeira viagem internacional, tendo o G-20, na China, como destino.
Apesar da expectativa de mobilização popular inferior àquela observada em abril, quando o processo foi instaurado na Câmara, um forte esquema de segurança foi montado em Brasília para evitar maiores tumultos durante o julgamento, que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, qualificou como “uma das mais graves competências” do Senado. O ministro do Supremo, que presidirá o julgamento, definiu com os senadores as regras do processo, que pode durar até sete dias e terá, na próxima segunda-feira, um dos pontos mais esperados: a defesa pessoal de Dilma no Senado. Ontem, a presidente afastada fez seu última ato público antes do julgamento.


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