Impeachment: Senado decide levar Dilma a julgamento
BRASÍLIA
— O Senado decidiu na madrugada desta quarta-feira levar a presidente
Dilma Rousseff ao julgamento final no processo de impeachment. Foram 59
votos a favor e 21 contrários. O presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), não votou. O resultado sinaliza que o afastamento deve ser
definitivo, uma vez que na fase final são necessários 54 votos entre os
81 senadores.
Os
senadores decidem sobre a pronúncia, decisão de levar a julgamento, em
cinco votações. Eles já rejeitaram preliminares apresentadas pela defesa
e aprovaram que ela irá a julgamento pela edição de um decreto de
crédito suplementar que seria incompatível com a meta fiscal. Analisarão
ainda em votações separadas outros dois decretos e a acusação de
"pedalada fiscal" por atrasos de repasses do Tesouro ao Banco do Brasil
por despesas do Plano Safra.
Caberá agora aos juristas responsáveis pela acusação preparar o libelo acusatório para o julgamento final. Eles pretendem fazer isso ainda nessa quarta-feira. Com isso, o julgamento poderá acontecer, pelos prazos previstos na lei do impeachment, a partir do dia 23 de agosto.
Em seu relatório, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) afirmou que Dilma teria praticado um atentado à Constituição com esses atos e,
por isso, merecia ir a julgamento. Ele afirmou que Dilma tinha a
obrigação de realizar os pagamentos relativos às pedaladas e que os
decretos editados por ela eram incompatíveis com a meta fiscal e foram
adotados sem autorização do Congresso.
A defesa, por sua vez, argumenta que não há ato de Dilma nas pedaladas.
Sustenta que a decisão sobre os pagamentos não eram de sua alçada e
questionam o entendimento de que os atrasos transformariam a relação com
o Banco do Brasil em operação de crédito, prática vedada pela Lei de
Responsabilidade Fiscal. Sobre os decretos, sustenta que pareceres
técnicos sustentavam a edição e que eles não impactavam na meta porque
os créditos só poderiam ser usados de acordo com os limites de
contingenciamentos.
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