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Na glória do Olimpo, Rafaela Silva mantém rotina de ajudar a família: agora, vai terminar a casa da mãe

Zenilda: obra do terraço deve ser concluída com a ajuda da filha
Zenilda: obra do terraço deve ser concluída com a ajuda da filha Foto: Rafael Moraes / Extra
Rafaella Barros

Um dia depois de conquistar o ouro, a judoca Rafaela Silva vive a glória dos deuses do Olimpo sem esquecer as origens. Parentes da medalhista de 24 anos, que cresceu na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, contam que a atleta sempre ajudou a família. E agora não será diferente.
— Não sei qual o valor do prêmio que ela recebeu, mas com certeza vai me ajudar a terminar o terraço. Lá em cima está cheio de areia e, quando chove, tem vazamento — conta Zenilda Silva, mãe de Rafaela.
O pai, Luiz Carlos, até hoje usa para fazer frete a Kombi que ganhou da filha em 2013, quando Rafaela conquistou o Campeonato Mundial.
— Ela faz coisas que ninguém imagina. Outro dia, estava um sol danado e um menino veio vendendo balas no sinal, naqueles saquinhos que colocam no retrovisor do carro. Ela perguntou quanto faltava para ele acabar de vender e comprou tudo. Depois, mandou o garoto ir para casa descansar e estudar.
Luiz Carlos, pai de Rafaela: ‘Ela faz coisas que ninguém imagina’
Luiz Carlos, pai de Rafaela: ‘Ela faz coisas que ninguém imagina’ Foto: Rafael Moraes / Extra
O coração de Rafaela parece tão grande quanto seus braços abertos após a conquista olímpica. Todo mês, paga a conta de telefone de Zenilda. Além da Kombi, a filha mais famosa da Cidade de Deus já comprou um carro para a irmã e outro para a mãe.
— Mas eu tive que vendê-lo para fazer uma quitinete, minha outra filha morava de aluguel — diz Zenilda, que tem uma vendinha embaixo de casa e fatura cerca de mil reais por mês, além de R$ 600 do aluguel de outra loja.
Com a medalha, Rafaela receberá R$ 35 mil de prêmio e R$ 20 mil em plano de previdência do Bradesco, um dos patrocinadores dos Jogos:
— Minhas filhas me dão o que meus pais não conseguiram.
Menino segue os passos da vizinha campeã há 7 anos
Aos 11 anos, Miguel Moura já sabe o que quer e tem o exemplo a ser seguido perto de casa. Morando na mesma rua que Rafaela, o menino começou a aprender judô aos 4 anos, depois de ver a jovem lutando no Instituto Reação, onde ela treina.
— Sou faixa azul. Quero ser um atleta profissional e participar da Olimpíada — afirma, determinado.
Miguel, com a mãe, Bárbara: menino quer se tornar atleta profissional e competir também numa Olimpíada
Miguel, com a mãe, Bárbara: menino quer se tornar atleta profissional e competir também numa Olimpíada Foto: Rafael Moraes / Extra
A mãe, a dona de casa Bárbara Moura, de 32 anos, é só elogios:
— O judô melhorou o comportamento e as notas dele na escola.
E, depois do ouro da judoca, tem mais crianças seguindo mesmo caminho: a procura por inscrições na sede do Instituto Reação, na Rocinha, na Zona Sul, cresceu até 40%.
— Acredito que, com a medalha de ouro da Rafa, todos os cinco polos do instituto terão aumento — explica Fátima Jundi, coordenadora do programa de educação.

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