Na glória do Olimpo, Rafaela Silva mantém rotina de ajudar a família: agora, vai terminar a casa da mãe
Um
dia depois de conquistar o ouro, a judoca Rafaela Silva vive a glória
dos deuses do Olimpo sem esquecer as origens. Parentes da medalhista de
24 anos, que cresceu na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, contam que a
atleta sempre ajudou a família. E agora não será diferente.
— Não
sei qual o valor do prêmio que ela recebeu, mas com certeza vai me
ajudar a terminar o terraço. Lá em cima está cheio de areia e, quando
chove, tem vazamento — conta Zenilda Silva, mãe de Rafaela.
O pai,
Luiz Carlos, até hoje usa para fazer frete a Kombi que ganhou da filha
em 2013, quando Rafaela conquistou o Campeonato Mundial.
— Ela faz
coisas que ninguém imagina. Outro dia, estava um sol danado e um menino
veio vendendo balas no sinal, naqueles saquinhos que colocam no
retrovisor do carro. Ela perguntou quanto faltava para ele acabar de
vender e comprou tudo. Depois, mandou o garoto ir para casa descansar e
estudar.
O
coração de Rafaela parece tão grande quanto seus braços abertos após a
conquista olímpica. Todo mês, paga a conta de telefone de Zenilda. Além
da Kombi, a filha mais famosa da Cidade de Deus já comprou um carro para
a irmã e outro para a mãe.
— Mas eu tive que vendê-lo para fazer
uma quitinete, minha outra filha morava de aluguel — diz Zenilda, que
tem uma vendinha embaixo de casa e fatura cerca de mil reais por mês,
além de R$ 600 do aluguel de outra loja.
Com a medalha, Rafaela
receberá R$ 35 mil de prêmio e R$ 20 mil em plano de previdência do
Bradesco, um dos patrocinadores dos Jogos:
— Minhas filhas me dão o que meus pais não conseguiram.
Menino segue os passos da vizinha campeã há 7 anos
Aos
11 anos, Miguel Moura já sabe o que quer e tem o exemplo a ser seguido
perto de casa. Morando na mesma rua que Rafaela, o menino começou a
aprender judô aos 4 anos, depois de ver a jovem lutando no Instituto
Reação, onde ela treina.
— Sou faixa azul. Quero ser um atleta profissional e participar da Olimpíada — afirma, determinado.
A mãe, a dona de casa Bárbara Moura, de 32 anos, é só elogios:
— O judô melhorou o comportamento e as notas dele na escola.
E,
depois do ouro da judoca, tem mais crianças seguindo mesmo caminho: a
procura por inscrições na sede do Instituto Reação, na Rocinha, na Zona
Sul, cresceu até 40%.
— Acredito que, com a medalha de ouro da
Rafa, todos os cinco polos do instituto terão aumento — explica Fátima
Jundi, coordenadora do programa de educação.
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