Porto Seguro e outras 18 cidades do país são suspeitas de fraudar licitações de ônibus
Foto: Reprodução / O Mundo Aos Meus Pés
Documentos indicam a fraude em licitações de transporte público em pelo
menos 19 cidades de sete estado e do Distrito Federal. As fraudes
tinham objetivo de favorecer as famílias Constantino e Gulin. A Bahia
está inclusa, com suspeita de fraude em Porto Seguro. Conforme andamento
das investigações, o esquema acontecia da seguinte forma: a empresa
Logitrans era contratada pelas prefeituras para fazer estudos de
logística e projeto básico de mobilidade urbana; o filho do engenheiro
Garrone Reck - um dos diretores da empresa -, Sacha Reck, atuava na
concorrência como advogado ou assessor jurídico de empresas de ônibus
interessadas em explorar as linhas. Sacha obtinha informação
privilegiada sobre as licitações e atuava na elaboração dos editais,
orientando ou seguindo orientações dos empresários sobre cláusulas que
deveriam constar nos documentos. As prefeituras publicavam esses
editais, elaborados por advogados ligados ao escritório de advocacia do
qual Sacha Reck era sócio e por pelo menos um engenheiro, que fazia
avaliação técnica das propostas das empresas. Além de Porto Seguro, as
cidades envolvidas no suposto esquema são: Marília, Jaú, São Sebastição e
São José do Rio Preto, em São Paulo; Florianópolis e Joinvile, em Santa
Catarina; Pontal do Paraná, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Paranaguá,
Maringá, Telêmaco Borba e Piraquara, no Paraná; Belém, no Pará; Campo
Grande, no Mato Grosso do Sul; Uberlândia e Sete Lagoas, em Minas
Gerais; e Brasília, no Distrito Federal. De acordo com os documentos, a
advogada Danielle Cintra, de Curitiba, ajudou na elaboração de vários
editais sob suspeita, enviando documentos a Reck e a empresários já em
papel timbrado das prefeituras. Os trechos a serem preenchidos ou
marcados estavam destacados com cores ou com "xxxx". Já o engenheiro
Fábio Miguel, da Turin Engenharia, era contratado com regularidade pelas
prefeituras em negociações intermediadas por Sacha Reck para fazer
avaliação técnica das propostas das empresas que participavam da
concorrência. Na licitação de transporte público da cidade baiana, em
agosto de 2011, e-mail mostram que a Sacha Reck e representantes da
Viação Cidade Porto Seguro, da família Gulin, elaboraram o edital de
licitação juntos. Entre janeiro e março, Caico Gulin e Sacha Reck
enviaram pra o outro minutas do edital com sugestões de alteração. A
ingerência continua até na fase de habilitação das empresas. O
engenheiro Fábio Miguel, da Turin Engenharia, contratado pela
prefeitura, enviou a Sacha Reck "para revisão" pareceres sobre
habilitação ou não das empresas. O edital foi publicado em 19 de abril
de 2011 e a abertura dos envelopes ocorreu em 6 de junho, com vitória da
Viação Cidade Porto Seguro. As investigações estão sendo conduzidas
pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do
Ministério Público do Paraná. "Elementos que foram apreendidos em
várias cidades do Paraná, em Santa Catarina, São Paulo e Distrito
Federal ainda estão sendo entregues. Nós já começamos a receber os
elementos de quebras de sigilo bancário e fiscal. O volume de documentos
é muito grande. Temos que analisar a coincidência desses grupos
econômicos atuando de forma conjunta e concomitante em várias cidades",
explicou a promotora Leandra Flores, do MP do Paraná.
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