Artigo: Sorte de Lula sobe no telhado
A
sorte de Lula subiu no telhado com a prisão, esta manhã, pela Operação
Lava-Jato, do empresário José Carlos Bumlai, que estava pronto em
Brasília para proclamar sua inocência diante de senadores e deputados da
CPI do BNDES.
Até aqui, de todos os suspeitos pela roubalheira na
Petrobras, Bumlai é quem mais aproxima Lula da Lava-Jato. É suspeito de
ter-se beneficiado de negócios com a empresa para ajudar uma nora de
Lula e pagar dívidas da campanha de Lula à reeleição em 2006.
Depois
de Bumlai, a levar-se em conta o que já foi descoberto, somente algum
malfeito praticado por um dos filhos de Lula será capaz de fazer a sorte
de o ex-presidente despencar do telhado. Salvo o surgimento de um fato
novo, o que não deve ser descartado.
Irônico e revelador o nome
dado pela Polícia Federal à 21ª. Fase da Lava-Jato – “Passe livre”.
Enquanto Lula presidiu o país, Bumlai foi o único brasileiro contemplado
com um passe que lhe dava acesso a qualquer momento ao gabinete mais
poderoso da República.
Havia na portaria do Palácio do Planalto um aviso que dizia assim:
“O
sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria
Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de
destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer
circunstância”.
Que amigão de Lula era esse a desfrutar de
privilégio só concedido a dona Marisa, a primeira-dama? Ao notar que a
Lava-Jato se avizinhava de Bumlai, Lula, outro dia, disse em entrevista
ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT:
— Se ele (Bumlai) teve
situação indevida, vai ficar provado. "Nem tudo que delator fala tem
veracidade. É preciso que a gente não dê um voto de confiança ao bandido
e um voto de desconfiança ao inocente.
No caso, o delator era
Fernando Baiano, ex-operador do PMDB, que comprometeu Bumlai com o que
contou ao juiz Sérgio Moro. O inocente, Bumlai. Mais recentemente, Lula
tem repetido entre seus confidentes que Bumlai, na verdade, não é tão
seu amigo assim.
Compreensível. Sempre que se vê em perigo, Lula
tira o seu da reta e entrega quem o ameaça. Entregou José Dirceu para
escapar do mensalão. Entregou Antonio Palocci para escapar do escândalo
em torno do uso da Receita Federal que prejudicou um caseiro.
Entregou
os aloprados, funcionários de sua campanha à reeleição, e responsáveis
pela montagem de um falso dossiê para incriminar candidatos do PSDB –
entre eles José Serra e Geraldo Alckmin. Lula é assim – o que fazer?
Falta-lhe, digamos, sentimento de culpa.
Falta-lhe, também, um
pingo de coerência. Já pediu desculpas aos brasileiros pelo mensalão.
Vive a dizer que o mensalão nunca existiu. Na semana passada, no
congresso da juventude do PT, disse que as acusações que pesam contra o
PT não passam de “teses”.
Lula é honesto. Honestíssimo. Em tese.
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