Documento diz que banco BTG pagou R$ 45 milhões a Cunha para alterar MP
por Beatriz Bulla e Daniel Carvalho | Estadão Conteúdo
Foto: Lula Marques/Agência PT
Um documento colhido pelos investigadores da Operação Lava Jato
aponta suposto pagamento de R$ 45 milhões em propina ao presidente da
Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para alterar uma medida
provisória que beneficiaria o banco BTG Pactual, de André Esteves. O
banqueiro foi preso na quarta-feira (25), acusado de tentar dificultar
as investigações. Neste domingo (29), o ministro Teori Zavascki, do
Supremo Tribunal Federal, autorizou a conversão da prisão temporária do executivo em prisão preventiva
- sem prazo para expirar. Cunha nega ter recebido vantagens indevidas e
disse que suas emendas foram contrárias aos interesses do banco. O BTG
afirmou que a medida provisória mencionada não o contemplou. O papel foi
encontrado na residência do chefe de gabinete do senador Delcídio
Amaral (PT-MS), Diogo Ferreira, em busca feita na semana passada. O
parlamentar e o assessor, assim como o advogado Edson Ribeiro, também
foram presos. Os quatro são suspeitos de participar de tratativas para
comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, com oferta
de R$ 50 mil para a família do ex-executivo, a fim de evitar a menção
ao nome de Delcídio ou do BTG em eventual acordo de delação premiada. No
verso do papel, há o seguinte texto: "Em troca de uma emenda a medida
provisória n.º 608, o BTG Pactual, proprietário da massa falida do banco
Bamerindus, o qual estava interessado em utilizar os créditos fiscais
de tal massa, pagou ao deputado federal Eduardo Cunha a quantia de R$ 45
milhões. Pelo BTG participaram da operação Carlos Fonseca, em conjunto
com Milthon Lyra". Não há especificação se o texto em que há a menção a
Cunha é manuscrito ou impresso. No documento, há indicação de que a
propina de R$ 45 milhões seria destinada também a "outros parlamentares"
do PMDB. A inscrição consta no pedido da Procuradoria-Geral da
República encaminhado ao STF para pedir a substituição da prisão
temporária - que tem prazo de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco -
por prisão preventiva no caso de Esteves e de Ferreira. Se ainda
estivessem na temporária, os dois poderiam ser liberados nesta segunda.
As prisões de Delcídio, líder do governo no Senado, e Edson Ribeiro eram
preventivas desde o início.
Nenhum comentário