Três semanas após acidente com barragens, Samarco não pagou auxílio a famílias
Foto: Rogério Alves/ TV Senado
Completadas três semanas do rompimento das barragens da Samarco, a
mineradora ainda não começou a pagar auxílio financeiro para as 296
famílias de Mariana que tiveram suas casas destruídas pela lama. O
pagamento é uma recomendação do Ministério Público Estadual, feita no
dia 8. A empresa não se pronunciou sobre o atraso. A falta de dinheiro
faz com que as famílias fiquem totalmente dependentes da alimentação, do
vestuário e do transporte fornecido pela mineradora, nos hotéis onde os
atingidos estão acomodados, e pelo poder público, que encaminha as
toneladas de donativos. "Eu trabalhava na rua, como pedreiro, lá em
Bento Rodrigues (distrito de Mariana destruído pela lama). Dependo de
tudo deles. Estão começando a colocar famílias em casas, vendo o lugar
para ir, e a turma está começando a se mudar. Mas, dinheiro, até agora,
ninguém falou nada", conta Marcos Eufrásio Messias, de 38 anos, que está
hospedado em um hotel no centro histórico da cidade com seis
parentes. Os trabalhadores informais e autônomos são os que mais estão
dependentes da empresa e evitam fazer críticas diretas à Samarco. Alguns
moradores de Bento Rodrigues, porém, eram funcionários das empresas que
prestavam serviços à mineradora e continuam a receber o salário,
mantendo poder de decisão sobre o que consumir e até onde morar. "Já me
levaram para conhecer duas casas. Mas não era nada bom. Como você vai
morar em um lugar onde não tem espaço nem para secar uma roupa? Então,
decidimos esperar que eles nos mandassem para algum lugar onde possamos
ficar", conta Sebastião Cláudio, de 42 anos, hóspede do mesmo hotel de
Messias. A falta de dinheiro preocupa principalmente quem tem prestações
e contas para pagar, segundo conta o defensor público da União Bruno
Vinícius Batista Arraes, enviado para coordenar um posto avançado
instalado em Mariana. "Temos dado assessoria para essas famílias e
orientado sobre os caminhos a para ter acesso a benefícios federais que
já foram disponibilizados", afirma. A Samarco havia apresentado um
cronograma para a retirada das famílias dos hotéis dando prazo de
término do processo até fevereiro do ano que vem.
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