Edinho Silva cobrava propina para o PT mediante ameaça, diz Jano
por Gustavo Aguiar e Isadora Peron | Estadão
Foto: Roberto Castro/ ME
Em uma manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que os pagamentos de
propina ao PT eram feitos muitas vezes mediante ameaças de interrupção
de contratos entre as empresas e o governo. De acordo com os
investigadores da Operação Lava Jato, a estratégia era centralizada na
pessoa de Edinho Silva, ex-ministro-chefe da secretaria de Comunicação
Social. "Em verdade, o pedido de pagamento para auxílio financeiro ao
Partido dos Trabalhadores, notadamente para o custeio oficial e não
oficial (caixa 2) das campanhas eleitorais, muitas vezes mediante
ameaças de cessação das facilidades proporcionadas ao Núcleo Econômico
pelos Núcleos Político e Administrativo (do esquema de corrupção da
Petrobras), revelam-se como medida habitual institucionalizada e
centralizada, em parte, na pessoa de Edison Antônio Edinho da Silva",
escreveu Janot. Edinho é investigado com base em delações premiadas que
afirmam que ele pediu R$ 20 milhões para a campanha da reeleição da
presidente Dilma Rousseff, em 2014. A informação consta dos depoimentos
tanto de Walmir Pinheiro Santana quando de Ricardo Pessoa, ambos da UTC
Engenharia. O ex-ministro - então tesoureiro da campanha da petista -
teria dito que a Petrobras continuaria "crescendo" e que o empresário
"ganharia outros contratos", garantindo que o repasse "se pagaria". A
investigação, que tramitava em absoluto sigilo no STF, será enviada ao
juiz Sério Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, já que Edinho perdeu o
foro privilegiado. Além desse procedimento, há também um pedido de
Janot para que o ex-ministro seja incluído no inquérito-mãe da Lava
Jato, conhecido como "quadrilhão". Esse deve permanecer no STF porque
inclui diversos parlamentares que ainda detêm a prerrogativa de só serem
processados pela Suprema Corte.
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