Odebrecht deve assumir em delação que controlava pessoalmente propina para Dilma
Foto: Globo News
O ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, deverá assumir em
delação premiada que tratou pessoalmente dos recursos legais e ilegais
destinados às campanhas da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) em
2010 e 2014. De acordo com a Folha, um dos relatos de Odebrecht é que
ele teve uma conversa com Dilma em 26 de maio de 2015 para alertá-la
sobre o avanço das investigações da Lava Jato, capazes de descobrir os
pagamentos ilícitos feitos ao marqueteiro João Santana, na Suíça, na
ordem de US$ 4 milhões. A presidente petista, no entanto, não deu
atenção ao que ele dizia. Vinte e quatro dias depois Odebrecht foi preso
pela Polícia Federal. Ainda de acordo com a publicação, Odebrecht
deverá dizer que não considerava crime os pagamentos feitos a João
Santana porque, para ele, os repasses via caixa dois são parte da
cultura política do país e do sistema de financiamento a partidos no
Brasil. O ex-presidente da empreiteira brasileira, por outro lado, não
deve incluir em sua delação o pagamento de propina a diretores e
gerentes da Petrobras, já que nunca cuidou dessa negociação. A
assessoria da presidente Dilma confirmou em nota à Folha que ela esteve
com Odebrecht em maio de 2015, na Cidade do México, durante viagem
oficial, mas doações e pagamentos a João Santana não foram tratados na
conversa. A assessoria disse ainda que todos os pagamentos e serviços
prestados na campanha de reeleição foram feitos dentro da lei e
declarados à Justiça Eleitoral, como os R$ 70 milhões recebidos do seu
comitê e outros R$ 8 milhões desembolsados pelo PT. O partido garantiu
que só recebe doações oficiais, todas declaradas à Justiça. A defesa de
João Santana afirmou que só se manifestará enos processos judiciais, mas
negou ao juiz Sergio Moro que seu cliente soubesses da ilegalidade dos
recursos. A Odebrecht não se manifestou.
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