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Sob pressão, Cunha deve ser julgado nesta terça no Conselho de Ética

O presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o advogado Maurício Nobre
O presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o advogado Maurício Nobre Foto: Andre Coelho / Agência O Globo / 19-5-2016



O Globo

BRASÍLIA — Sob pressão crescente, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve ser julgado hoje no Conselho de Ética. Desde o fim de semana, aliados começaram a defender abertamente a tese da renúncia dele à presidência da Casa, como forma de facilitar a salvação de seu mandato no plenário. Mas Cunha reagiu e, na segunda-feira, por mensagem, voltou a negar que aceite renunciar. Ao GLOBO, o peemedebista disse que está avaliando a possibilidade de comparecer à reunião.
Dona do voto decisivo, a deputada Tia Eron (PRB-BA) chegou na segunda-feira a Brasília e vai votar, segundo sua assessoria, mas segue evitando conversar com colegas. Desde que não foi à sessão do Conselho, semana passada, ela passou a se manter trancada em casa, sem contato com parlamentares, e vem recebendo todo tipo de pressão e sofrendo ataques, especialmente nas redes sociais, por causa da avaliação de integrantes do Conselho de que votará pela absolvição de Cunha.
Um dos principais aliados de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse acreditar na vitória dele no Conselho, mas avisou que procurará o presidente, logo depois da votação, para tratar de sua renúncia à presidência da Casa. Para Marun, é preciso resolver a situação da interinidade, já que Waldir Maranhão (PP-MS) atrapalha votações importantes para o governo Temer.
— Tenho feito defesa sincera do Cunha e me sinto autorizado a ter com ele essa conversa. Ele já prestou um grande serviço ao país. Não quer dizer que ele vá aceitar. Temos um compromisso de fazer o governo Temer funcionar — disse Marun.
Entre os aliados de Cunha também há apreensão sobre o voto de Tia Eron.
— Ela está reclusa, escondendo-se da gente. Só a Mãe Dináh sabe o voto dela — disse um aliado de Cunha.
Deputados do PRB que são candidatos nas eleições municipais — Celso Russomanno, em São Paulo e Marcelo Crivella (PRB-RJ), no Rio — apressam-se em dizer que não aceitam pagar pelo desgaste de um voto pró-Cunha de Tia Eron.
O relator no Conselho, Marcos Rogério, deu sinais de que os que defendem a cassação podem adiar novamente a votação:
— Diante de tantos fatos novos, se houver provocação de aditamento, vou ter que analisar juridicamente. Não quero adiar a votação, mas isso pode exigir resposta mais elaborada. Não sei se seria possível investigar neste mesmo processo.

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