Sob pressão, Cunha deve ser julgado nesta terça no Conselho de Ética
BRASÍLIA
— Sob pressão crescente, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), deve ser julgado hoje no Conselho de Ética. Desde o fim de
semana, aliados começaram a defender abertamente a tese da renúncia dele
à presidência da Casa, como forma de facilitar a salvação de seu
mandato no plenário. Mas Cunha reagiu e, na segunda-feira, por mensagem,
voltou a negar que aceite renunciar. Ao GLOBO, o peemedebista disse que
está avaliando a possibilidade de comparecer à reunião.
Dona do
voto decisivo, a deputada Tia Eron (PRB-BA) chegou na segunda-feira a
Brasília e vai votar, segundo sua assessoria, mas segue evitando
conversar com colegas. Desde que não foi à sessão do Conselho, semana
passada, ela passou a se manter trancada em casa, sem contato com
parlamentares, e vem recebendo todo tipo de pressão e sofrendo ataques,
especialmente nas redes sociais, por causa da avaliação de integrantes
do Conselho de que votará pela absolvição de Cunha.
Um dos
principais aliados de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse
acreditar na vitória dele no Conselho, mas avisou que procurará o
presidente, logo depois da votação, para tratar de sua renúncia à
presidência da Casa. Para Marun, é preciso resolver a situação da
interinidade, já que Waldir Maranhão (PP-MS) atrapalha votações
importantes para o governo Temer.
— Tenho feito defesa sincera do
Cunha e me sinto autorizado a ter com ele essa conversa. Ele já prestou
um grande serviço ao país. Não quer dizer que ele vá aceitar. Temos um
compromisso de fazer o governo Temer funcionar — disse Marun.
Entre os aliados de Cunha também há apreensão sobre o voto de Tia Eron.
— Ela está reclusa, escondendo-se da gente. Só a Mãe Dináh sabe o voto dela — disse um aliado de Cunha.
Deputados
do PRB que são candidatos nas eleições municipais — Celso Russomanno,
em São Paulo e Marcelo Crivella (PRB-RJ), no Rio — apressam-se em dizer
que não aceitam pagar pelo desgaste de um voto pró-Cunha de Tia Eron.
O relator no Conselho, Marcos Rogério, deu sinais de que os que defendem a cassação podem adiar novamente a votação:
—
Diante de tantos fatos novos, se houver provocação de aditamento, vou
ter que analisar juridicamente. Não quero adiar a votação, mas isso pode
exigir resposta mais elaborada. Não sei se seria possível investigar
neste mesmo processo.
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