Lava Jato não acabou, pois ‘sociedade é seu escudo’, diz coordenador da operação
Foto: Vladimir Platonow/ Agência Brasil
O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, procurador da
República Deltan Dallagnol, afirmou que a operação ainda sobrevive, pois
a “sociedade é seu escudo”. Na entrevista, concedida ao Estadão, o
procurador afirmou que não se pode “menosprezar o poder das lideranças
investigadas” e diz que é possível que um acordo traçado por autoridades
consiga impedir as investigações do esquema de corrupção que envolve a
Petrobras. “Quem conspira contra ela são pessoas que estão dentre as
mais poderosas e influentes da República”, pontua. Esse acordo foi
explicitado em uma gravação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio
Machado, com o presidente do Senado, Renan Calheiros, o ex-presidente
José Sarney e o senador e ex-ministro do Planejamento do governo
interino Romero Jucá”. “Esses planos seriam meras especulações se não
tivessem sido tratados pelo presidente do Congresso Nacional”, frisa. O
acordo seria para tentar impedir que a cúpula do PMDB seja investigada. O
procurador também afirma que, anteriormente, a operação era acusada de
só perseguir o PT, e que a operação tem um único inimigo, que é a
corrupção. “Estamos determinados a cumprir o papel que a Constituição
nos deu de combater a corrupção, para garantir que o dinheiro público
seja usado em favor da sociedade e não para enriquecimento privado, mas
para isso precisamos continuar contando com o apoio da população”,
afirma. Em outro trecho da entrevista, Dallagnol diz que “a medida que
as investigações avançam em direção a políticos importantes de diversos
partidos, a tendência é que aqueles que têm ‘culpa no cartório’ se unam
para se proteger”, como se percebe nos áudios que se tornaram públicos.
Esse pacto, pode se evidenciar ainda, segundo ele, com encerramento de
operações sob o argumento de nulidade. Uma das saídas apontadas pelos
investigados, seria a de incluir o Supremo Tribunal Federal (STF) para
encerrar a Lava Jato.
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