Bancada do PMDB no Senado quer retirar Temer do comando do partido
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
O adiamento do encontro que decidiria a permanência do PMDB no
governo Dilma Rousseff, de novembro para março de 2016, levou
integrantes do partido no Senado a defender nos bastidores a
substituição do vice-presidente da República, Michel Temer, no comando
da legenda. Ele preside o partido desde 2001, tendo sido reconduzido no
início de 2013. Senadores do PMDB consideram que, após quase 15 anos de
comando de Temer, ligado à bancada da Câmara, é preciso um rodízio na
cúpula. Isso poderá, inclusive, levar a uma guinada na relação com o
governo, já que o partido pretende ter candidato próprio na eleição
presidencial de 2018. A avaliação entre alguns senadores é de que ou se
chega a um "entendimento" ou haverá um "intenso embate" em relação à
sucessão de Temer. Uma primeira movimentação dos senadores do PMDB para
ocupar o comando do partido ocorreu em março deste ano, quando Temer foi
alçado para a articulação política do governo. Na ocasião, o senador
Romero Jucá (RR), terceiro vice-presidente da legenda, chegou a ter o
nome colocado como potencial sucessor. As negociações, no entanto, não
avançaram. Um dos motivos foi o fato de o parlamentar ser o terceiro na
linha sucessória da legenda, atrás do primeiro vice, senador Valdir
Raupp (RO), e da segunda vice, deputada Iris Araújo (GO). Apesar do
recuo, Jucá ainda permanece entre os mais cotados pelos colegas do
Senado para assumir a legenda. Ao apetite para retirar do vice o
protagonismo na condução do partido, juntou-se nestes últimos dias o
descontentamento de parte dos senadores com o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele tem sido apontado como o responsável pelos
vazamentos de trechos das investigações da Operação Lava Jato que
respingaram no presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e no
senador Jader Barbalho (PMDB-PA). A avaliação é de que, com a medida,
Cunha tenta dividir o foco das acusações como forma de sobreviver no
cargo. Em sua delação à Procuradoria-Geral da República, o lobista
Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador de propinas
do PMDB, citou, além de Cunha e os senadores, o ex-ministro de Minas e
Energia Silas Rondeau, ligado ao ex-presidente da República José
Sarney. Parte da cúpula do PMDB tinha como prazo para definir o
desembarque, ou não, do governo o mês de novembro, quando está previsto
um encontro da legenda em Brasília. Na reforma ministerial orquestrada
por Dilma no início deste mês, a bancada da Câmara conquistou os
ministérios da Saúde, com Marcelo Castro (PI), e de Ciência e
Tecnologia, Celso Pansera (RJ). Nesse novo arranjo, o calendário para
uma possível debandada foi empurrado para março, quando haverá a
convenção nacional do PMDB. Na ocasião, serão eleitos os integrantes da
direção e Executiva Nacional responsáveis por conduzir a legenda nas
próximas eleições municipais, em 2016, e presidencial, em 2018. Apesar
de ter perdido do foco inicial, integrantes de diversos setores do PMDB
não descartam que o encontro de novembro sirva de palanque para ataques
contra o governo Dilma. "Vai ter gente que vai defender o rompimento,
mas é natural", declarou o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, o
ex-ministro Moreira Franco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Nenhum comentário