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Polícia concluiu que pais de criança abandonada no BRT foram executados em tribunal do tráfico


Nardyne e Deonir: segundo investigações, o casal morreu por ordem do tribunal do tráfico
Nardyne e Deonir: segundo investigações, o casal morreu por ordem do tribunal do tráfico Foto: Reprodução
Rafael Soares

Dois meses depois de câmeras de segurança flagrarem uma mulher abandonando uma criança de 3 anos na estação Alvorada do BRT, na Barra da Tijuca, a Polícia Civil concluiu que, um dia antes da filmagem, os pais do menino, Nardyne Nunes Dias e Deonir Lima Sales, foram capturados e mortos por traficantes na favela do Rola, em Santa Cruz, na Zona Oeste. De acordo com o inquérito da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), ao qual o EXTRA teve acesso com exclusividade, “na noite do dia 12 de agosto, o tribunal do tráfico condenou e executou o casal, sob o fundamento de eles serem X9 (informantes) da polícia”.
Emiliano Vieira da Silva, o Ben 10, apontado como chefe do tráfico local, foi identificado como mandante do crime por testemunhas que prestaram depoimento na especializada. Segundo duas pessoas que compareceram à delegacia, “Nardyne e Deonir foram mortos por serem X9” da maior milícia do Rio.
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Ben 10 foi identificado como mandante do crime
Ben 10 foi identificado como mandante do crime Foto: Reprodução
Segundo o pedido de prisão temporária assinado pela delegada Elen Souto, o que teria motivado a execução foi uma tentativa de invasão de milicianos à favela no dia anterior ao crime. Ben 10 já teve a prisão temporária expedida pela Justiça pelo homicídio e está foragido.
A investigação também concluiu que a mulher que abandonou a criança após a execução dos pais “prestou um favor ao tráfico”. Ela contou à polícia que é moradora da favela e que, na noite do dia 12, “um homem armado bateu na porta da casa, colocou uma pistola em sua cabeça e disse: ‘Pega essa criança e some com ela daqui’”. Após a ameaça, ela saiu da favela, passou a noite na casa de uma irmã e, no dia seguinte, deixou o menino na estação Alvorada. Depois, fugiu para uma favela da Zona Norte e não voltou mais ao Rola.
A polícia também descobriu que, após o crime, o tráfico tomou posse da casa onde a família morava, na Rua Marcolino, dentro da favela. Em depoimento, um parente do casal — que foi ao local procurar informações sobre o paradeiro de Nardyne e Deonir — relatou que o próprio Ben 10 afirmou a parentes que queria alugar o imóvel: “Pode ir lá tirar as coisas para a gente alugar a casa”, teria dito o bandido. Segundo a delegada Elen Souto, as investigações continuam para identificar outros traficantes da favela envolvidos no homicídio.

Em depoimento, parentes das vítimas afirmam que tráfico ficou com imóvel onde casal morava
Em depoimento, parentes das vítimas afirmam que tráfico ficou com imóvel onde casal morava Foto: Reprodução
No dia 13 de agosto, a polícia encontrou dois corpos esquartejados com serra elétrica dentro de quatro mochilas na Rua Rocha Lima, próxima à favela. Segundo a delegada, a tatuagem em formato de rosa encontrada num dos corpos é a mesma que Nardyne tinha. A polícia, entretanto, ainda aguarda o resultado do laudo de DNA.
Dois meses após o crime, o filho do casal ainda está vivendo na casa de uma família acolhedora, por decisão da Justiça. As duas avós da criança brigam pela guarda do neto. A família não vive mais na favela.

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