Oposição quer Cunha fora da presidência da Câmara
BRASÍLIA
- Líderes da Oposição divulgaram nota, neste sábado, defendendo o
licenciamento do presidente da Câmara Eduardo Cunha, depois da revelação
de extratos de contas na Suíça
que indicam o pagamento de despesas pessoais e de sua família. O
líderes, no entanto, esperam que Cunha defira o pedido de impeachment
antes de qualquer decisão sobre afastamento.
“Sobre as denúncias
contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, noticiadas pela imprensa,
os líderes Carlos Sampaio, Arthur Maia, Fernando Bezerra Filho, Mendonça
Filho, Rubens Bueno e Bruno Araújo, respectivamente do PSDB,
Solidariedade, PSB, DEM, PPS e Minoria, entendem que ele deve afastar-se
do cargo, até mesmo para que possa exercer, de forma adequada, o seu
direito constitucional à ampla defesa", diz a nota da Oposição.
CUNHA NEGA ACUSAÇÕES
Apesar
dos documentos enviados pela Justiça da Suíça ao Ministério Público
brasileiro, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
negou, em nota assinada por sua assessoria, ter recebido "qualquer
vantagem" referente à Petrobras ou a qualquer outro órgão público. Numa
reação ao pedido de afastamento defendido neste sábado pela oposição,
Cunha afirma que não se afastará nem renunciará ao cargo de presidente
da Câmara, alegando que foi eleito democraticamente e que permanecerá no
cargo. Quanto às contas na Suíça, ele apenas diz que mantém o que disse
na CPI, quando afirmou não ter contas no exterior.
Cunha também
faz duros ataques ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
"Saímos de um passado de que se acusava um PGR de atuar como engavetador
geral da República para um que se torna o acusador do governo geral da
República", diz a nota. Cunha diz não entender "essa obstinação da
Procuradoria Geral da República com o presidente da Câmara".
A ÍNTEGRA DA NOTA
"Tendo
em vistas as notícias divulgadas a partir de vazamentos atribuídos ao
Ministério Público acerca de supostas movimentações financeiras
atribuídas ao Presidente da Câmara dos Deputados, seguem os seguintes
esclarecimentos:
1) O Presidente da Câmara nunca recebeu qualquer
vantagem de qualquer natureza, de quem quer que seja, referente à
Petrobras ou a qualquer outra empresa, órgão público ou algo do gênero.
Ele refuta com veemência a declaração de que compartilhou qualquer
vantagem, com quem quer que seja, e tampouco se utilizou de benefícios
para cobrir gasto de qualquer natureza, incluindo pessoal.
2) Os
seus advogados ingressarão, na terça- feira, com petição ao Supremo
Tribunal Federal pedindo o imediato acesso aos documentos que existam no
Ministério Público Federal, para que eles possam dar a resposta precisa
aos fatos que por ventura existam.
3) Até o presente momento, o
Procurador Geral da República divulgou dados que, em tese, deveriam
estar protegidos por sigilo, sem dar ao Presidente da Câmara o direito
de ampla defesa e ao contraditório que a nossa Constituição assegura, e o
faz, estranhamente, de forma ostensiva e fatiada entre os principais
órgãos de imprensa, ao fim de uma sexta feira véspera de feriado
prolongado, tendo como motivação gerar o constrangimento político da
divulgação de dados que, por serem desconhecidos, não podem ser
contestados.
4) Certamente, os advogados do Presidente da Câmara,
após conseguirem ter acesso a alguma coisa, saberão dar as respostas e
acionarão o STF para responsabilizar os autores desse vazamento político
de dados que, em tese, estão sob a guarda do próprio PGR.
5) O Presidente da Câmara reitera que mantém o que disse, de forma, espontânea à CPI da Petrobrás.
6)
Em relação a qualquer pedido de afastamento ou de renúncia por parte do
Presidente da Câmara, ele informa que foi eleito pela maioria absoluta
dos deputados, em primeiro turno, para cumprir um mandato de 2 anos e
irá cumprí-lo, respeitando a posição de qualquer um que pense diferente,
mas afirmando categoricamente que não tem intenção de se afastar nem de
renunciar.
7) A Constituição assegura o amplo direito de defesa e
a presunção da inocência, e o Presidente pede que seja respeitado, como
qualquer cidadão, esse direito. Não se pode cobrar explicação sobre
supostos fatos aos quais não lhe é dado o acesso para uma digna
contestação.
8) Por várias vezes desde o início desse processo, o
Presidente da Câmara tem alertado para o viés politico do PGR, que o
escolheu para investigar depois o escolheu para denunciar e, agora, o
escolhe como alvo de vazamentos absurdos, que impõem o constrangimento
de ser ver incluído em tudo que se refere à apuração de
responsabilidades nesse processo de corrupção na Petrobras, que tanto
envergonha o Brasil e está muito distante dele.
9) A pergunta que
não quer calar e onde estão as demais denúncias? Onde estão os dados dos
demais investigados? Como estão os demais inquéritos? Por que o PGR tem
essa obstinação pelo presidente da Câmara? Alguma vez na história do
Ministério Publico um PGR respondeu a um ofício de partido politico da
forma como foi respondido com relação ao Presidente da Câmara? A quem
interessa essa atuação parcial do PGR? São algumas das perguntas que
gostaríamos de ver respondidas para que a atuação do PGR não exponha
ainda mais a respeitada instituição Ministério Público. Saímos de um
passado de que se acusava um PGR de atuar como engavetador geral da
República para um que se torna o acusador do governo geral da
República".
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