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Família de empresária morta após entrar por engano em favela de Niterói cogita processar o Estado e aplicativo de GPS


Regina e Fernando Múmura: casal planejava Bodas de Ouro Foto: Reprodução / Facebook
Luã Marinatto

A família da empresária Regina Múrmura, de 70 anos, morta após entrar por engano em uma favela de Niterói, na noite do último sábado, estuda acionar na Justiça o governo do estado e o aplicativo Waze. Ela e o marido, o juiz arbitral Francisco Múrmura, seguiam as orientações fornecidas no celular pela ferramenta quando acessaram o Complexo do Caramujo, no Fonseca. O carro foi alvejado por cerca de 20 tiros disparados por traficantes, e Regina morreu antes de chegar ao hospital.
— Muitos já me procuraram falando sobre isso (processo), mas ainda estamos avaliando. Não é pelo dinheiro, porque o que eu queria mesmo era ela, e isso não terei nunca mais — explica Francisco, de 69 anos.

Quando Regina foi morta, o casal ia do Leme, onde moravam, até um restaurante em São Francisco, na Região Oceânica de Niterói. Acostumado a frequentar o bairro, Francisco sabia o caminho, mas a esposa decidiu experimentar o aplicativo de GPS, que usava há pouco tempo.
— Ela falou: “Quem sabe não encontramos algo interessante?” — lembra o viúvo.
Casados há 48 anos, após um namoro iniciado na escola, os dois já planejavam uma grande festa pelas Bodas de Ouro. Vários artistas amigos do casal, que trabalhava há décadas com turismo no Rio, haviam confirmado presença.
— Agora, só ficou uma cratera — lamenta Francisco.
Nesta terça-feira, o Disque-Denúncia (21 2253-1177) subiu de R$ 1 mil para R$ 5 mil a recompensa pela prisão de Rodrigo da Silva Rodrigues, o Tineném, chefe do tráfico no Caramujo. Ele é o principal suspeito pelo crime.
‘Foram 30 anos dedicados a fazer propaganda positiva da cidade, mas agora passo como um grande mentiroso’
Depoimento de Francisco Múrmura, juiz arbitral e sócio de Regina numa empresa de turismo
“A gente trabalhava com turismo desde 1985, éramos como embaixadores da área no Rio. Foram 30 anos dedicados a fazer propaganda positiva da cidade, mas agora passo como um grande mentiroso. Ainda não sei o que farei daqui em diante, mas essa parte morreu automaticamente com ela. Agora, nossa luta é para que essa morte não passe batida. Amanhã aparece outro caso, e a Regina vira só mais um número. O governador, o secretário de Segurança, o prefeito... Alguém precisa fazer algo. Uma simples placa na entrada da comunidade já ajudaria a evitar. Ou será que perdemos até o direito de nos indignar? Você enterra uma pessoa, seja quem for, como se fosse um boneco. Virou normal.”

Casal de empresários Francisco e Regina Múrmura passeava em Niterói quando carro foi alvejado por bandidos
Casal de empresários Francisco e Regina Múrmura passeava em Niterói quando carro foi alvejado por bandidos Foto: Reprodução

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