Tremor empresarial das delações anunciadas
por Samuel Celestino
Odebrecht negocia delação | Foto: Cicero Rodrigues/ WEF
As delações premiadas que envolvem o ex-presidente da
construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e do ex-presidente da OAS, Léo
Pinheiro, têm características semelhantes: ambos são baianos e as suas
empresas nasceram no estado. Não somente as duas, mas ainda a UTC, que
ganhara corpo numa ascensão vertiginosa, comandada pelo também baiano
Ricardo Pessoa, um dos primeiros a realizar delação premiada no setor
das empreiteiras. Marcelo, preso há quase ano, desde a semana passada
decidiu-se, acompanhado por seus executivos, pela delação e as
expectativas passaram a ser fortes sobre o que informará à Operação Lava
Jato. Já com relação a Léo Pinheiro existem dúvidas. As suas primeiras
informações foram complicadas. Fez uma defesa de Lula em relação ao
triplex de Guarujá, construído pela OAS, além do sítio de Atibaia,
também em São Paulo, reformado pela mesma empresa que então presidia.
Gerou-se, a partir daí, muitas incertezas, como se fosse uma espécie de
proteção ao ex-presidente, de quem é muito amigo. Os interrogadores
passaram a não acreditar no que dissera estabelecendo-se fortes
suspeições. De qualquer modo, esperam-se os coelhos que sairão das
cartolas dos delatores, principalmente da cartola de Marcelo Odebrecht
que, por se recusar a fazê-las, supõe-se tenha muito que revelar. Ele já
foi condenado a penas pesadas e a sua saída passará pela delação. As
expectativas vão da relação dos negócios da empresa no Brasil como no
exterior. Ademais, a empreiteira atravessa uma fase dificílima, com
débitos em torno de 100 bilhões de reais, como é sabido, e tem feito, em
consequência, demissões a rodo em várias partes do país. Enquanto isso,
o setor empresarial espera, alguns com tremores, o que será por ele
revelado em variados segmentos. Esta foi a razão básica que deixou
Marcelo Odebrecht silencioso durante um ano numa prisão da Polícia
Federal no Paraná.
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