Depois de oferecer cargos a deputados, Planalto estende negociação ao Senado
por Vera Rosa | Estadão Conteúdo
Foto: Jefferson Rudy/ Agência Senado
O governo iniciará nesta semana uma ofensiva para distribuição de
cargos também no Senado, com o objetivo de construir um "blocão" contra o
impeachment naquela Casa. A ideia do Palácio do Planalto é mostrar
principalmente aos deputados indecisos que a presidente Dilma Rousseff
tem apoio no Senado, e, com isso, incentivar o "voto útil" contra o seu
afastamento na Câmara. A nova estratégia, combinada com a reforma
ministerial, foi discutida ontem, durante reunião de Dilma com ministros
do PT. Até agora, o Planalto concentrava suas energias na Câmara, mas a
ordem é ampliar o "varejo" político para acomodar apadrinhados por
senadores aliados em postos-chave, como ministérios e bancos públicos,
aproveitando o espólio do PMDB, que anunciou o rompimento com o
governo. O movimento tentará convencer o "baixo clero" - formado por
políticos pouco conhecidos - que Dilma possui todas as condições para
enfrentar os adversários, mesmo porque tem a caneta na mão. Tudo será
feito para criar uma "onda" anti-impeachment que leve ao "voto útil",
ainda que seja por temor de represálias em caso de permanência de Dilma.
Cabe ao Senado referendar ou não, por maioria simples, eventual decisão
da Câmara pela continuidade do processo, o que depende do apoio de 342
deputados. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), chegou a
dizer ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, se a deposição de
Dilma receber sinal verde da Câmara, será difícil reverter o quadro. A
percepção ainda é essa, mas o governo acredita que o "blocão" - montado
por senadores do PT, PC do B e uma ala do PDT e do PRB, além de
"pedaços" do PMDB e PSB - vai atrair o "baixo clero".
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