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Tatiana deixa a delegacia escoltada por policiais
Tatiana deixa a delegacia escoltada por policiais Foto: Márcio Alves
Carolina Heringer

Em novo depoimento prestado na Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), nesta quinta-feira, a professora Tatiana Mara Araújo, de 39 anos, fez revelações sobre o advogado Roberto Malvar Paz, de 63 — os dois foram presos, na última quarta, por suspeita de participarem de uma rede de pedofilia. Segundo ela, Roberto já havia relatado, no passado, ter feito sexo com uma criança que morava na rua, no bairro do Grajaú, Zona Norte do Rio, o mesmo onde o advogado vivia e foi preso. Tatiana afirmou que o comparsa disse ter sido abordado pela menina na porta de casa, pedindo ajuda e dinheiro, e acabou entrando com a vítima, onde mantiveram relações sexuais.
— Meu foco de trabalho, até agora, era fazer com que o meu cliente fosse levado para o estabelecimento prisional correto, tendo em vista que ele é advogado. Além disso, ainda não li todas as peças de investigação, tive um contato apenas preliminar. Ainda é cedo para tecer comentários. Sobre a Tatiana, o Roberto me disse apenas que foi procurado por ela na condição de advogado, e que ambos mantiveram somente um relacionamento de advogado e cliente — alegou o advogado Francisco Ortigão, que representa Roberto.
Ainda de acordo com as declarações de Tatiana à polícia, Roberto costumava ficar excitado vendo catálogos de lojas de roupas infantis. Os dois se conheceram há uma década, quando a professora trabalhava como prostituta, e mantiveram um relacionamento durante um período. Ela contou aos agentes que, em 2007, ganhou R$ 100 para levar uma criança a um encontro com o advogado em um motel — a DCAV acredita se tratar de uma das primeiras vítimas aliciadas pela mulher.
— Aos poucos, estamos traçando o perfil de quem são esses dois. Ele é uma pessoa pervertida, e ela se aproveitava disso para ganhar dinheiro — explicou a delegada Cristiana Bento, titular da especializada.
O advogado Roberto Malvar Paz, de 63 anos
O advogado Roberto Malvar Paz, de 63 anos Foto: Reprodução / Rede Globo
Nesta quinta-feira, Roberto teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela Justiça do Rio. Ao negar o pedido de relaxamento feito pela defesa do advogado, o juiz José Mattos Couto justificou a necessidade de se manter o suspeito sob custódia para a garantia da ordem pública e por conveniência da instrução criminal, já que a concessão de liberdade poderia constranger as crianças e seus familiares a depor em juízo.
“É de altíssima gravidade a conduta imputada ao preso, não se desconhecendo a existência de fotos verdadeiramente repugnantes nos autos. O fato de o preso ter o status de advogado, ao contrário do que deve ocorrer em sua vida social, em muito lhe prejudica neste momento, já que não se pode conceber que justamente um operador do Direito se envolva em ilícitos penais de tamanha gravidade”, escreveu o magistrado.
Diligências em outras creches
As investigações apontam que Tatiana, professora em uma creche na Baixada Fluminense, enviava fotografias das partes íntimas dos alunos para Roberto, que assim escolhia suas vítimas. A polícia já identificou outros dois estabelecimentos de ensino infantil onde a mulher trabalhou e fará diligências para tentar identificar outras crianças que possam ter sido alvo da dupla. Já se sabe, por exemplo, que pelo menos duas vítimas que aparecem em fotografias apreendidas pela polícia no escritório de Roberto não estudavam na creche em que Tatiana trabalhava atualmente, o que pode indicar que os dois agiram em outros locais.
Tatiana deixou a DCAV no início da tarde desta sexta-feira e foi levada para o Instituto Médico-Legal (IML), para em seguida ser encaminhada ao Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste da cidade. Ela e Roberto devem responder pelos crimes de estupro de vulnerável e por manter e divulgar material pornográfico envolvendo crianças e adolescentes.

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