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Jovem gay de SP relata agressão cometida pelo pai: ‘Me enforcou e socou minha boca’

X., de 16 anos, se escondeu em um banheiro para enviar à mãe foto da violência cometida pelo pai.
X., de 16 anos, se escondeu em um banheiro para enviar à mãe foto da violência cometida pelo pai. Foto: Reprodução
Pedro Willmersdorf

Há dois meses, X., de 16 anos, decidiu dar um basta à rotina de provocações que sofria por parte do pai. Homossexual, o jovem morador de Parque Piratininga, em Itaquaquecetuba , São Paulo, nunca havia comentado explicitamente em casa sobre sua orientação, até aquele dia.
— Estávamos os dois vendo TV, quando ele fez uma piadinha sobre futebol e gays. Disse que se tivesse filho “viado” em casa, mataria. Não me aguentei e falei: ‘Então o senhor deveria repensar suas atitudes, já que seu filho é homossexual’. Ele partiu para cima de mim, me jogou contra a parede, me enforcou e deu dois socos na minha boca — relata X.
O rapaz, então, correu para o banheiro e tirou fotos do estrago cometido pelo pai para enviá-las à mãe, que mora no Rio de Janeiro.
— Eles se separaram há seis anos. Cheguei a morar com a minha mãe no Rio, mas há um ano voltei para São Paulo, pois aqui encontro mais oportunidades para tentar uma carreira de modelo — argumenta o jovem, que afirma ter crescido vendo o pai espancar a mãe.
Após a sequência de agressões, X. deixou a casa do pai e, desde então, está abrigado na casa da tia de seu namorado. Segundo ele, o pai mandou um recado através de seu irmão, de 13 anos, avisando que “não quer saber mais dele”.
— Minhas roupas e meus documentos estão na casa dele e ele me proibiu de ir lá buscá-los. Minha mãe está me ajudando financeiramente e esta semana vou retirar a segunda via de tudo para tomar medidas judiciais cabíveis — promete o rapaz, que, após um mês de silêncio, seguiu o conselho do namorado e registrou a ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia Civil, em Guarulhos. Lá, foi orientado a “procurar o Conselho Tutelar e a mídia”.
Apesar da violência sofrida, X. acredita que poderia ter abordado sua orientação sexual de forma mais “calma” com o pai, segundo ele uma pessoa naturalmente agressiva e que conta com o apoio da atual mulher, que também costumava agredir o jovem verbalmente com frequência.
— Estou com medo, confesso. De andar na rua e ser agredido, por exemplo. Mas acho importante alertar outros jovens homossexuais sobre a necessidade de ter coragem sempre — finaliza.

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