Zika é detectado em macacos no Ceará
por Fabiana Cambricoli | Estadão Conteúdo
Foto: Reprodução / BBC
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) encontraram, pela
primeira vez fora do continente africano, macacos infectados pelo vírus
zika. A descoberta no Brasil indica que, por ser capaz de contaminar
outros hospedeiros além dos humanos, a doença se espalha com mais
facilidade e pode ser mais difícil de ser contida do que os
especialistas imaginavam. "Esse é um achado que nos deixou muito
preocupados porque mostra que o zika veio para ficar. Assim como no caso
da febre amarela, o vírus tem um ciclo não só em humanos, mas também em
animais silvestres, que podem tornar-se um reservatório. É por isso
que, no caso da febre amarela, mesmo com a vacina, a gente nunca
conseguiu erradicar o vírus, porque ele fica circulando entre os
primatas. Isso não acontece com a dengue, por exemplo", explica Edison
Luiz Durigon, professor titular do departamento de microbiologia do
Instituto de Ciências Biomédicas da USP e um dos coordenadores do
estudo, cujos resultados preliminares foram publicados no periódico
bioRxiv. Os macacos infectados pelo zika foram encontrados em diferentes
regiões do Ceará entre os meses de julho e novembro do ano passado.
Cientistas do ICB-USP e do Instituto Pasteur estavam no local capturando
saguis e macacos-prego para um estudo sobre a raiva. "Resolvemos
testá-los também para o zika e, para nossa surpresa, 29% das amostras
deram positivas, todas elas de macacos capturados em áreas onde há
notificação de zika e ocorrência de microcefalia", diz o pesquisador, um
dos integrantes da Rede Zika, força-tarefa de cientistas paulistas
criada no ano passado, com auxílio financeiro da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), para estudar o vírus.
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