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Temer inicia governo com mais citados na Lava Jato em ministérios do que o de Dilma

Michel Temer ao lado de José Serra e outros de seus recém-empossados ministros
Michel Temer ao lado de José Serra e outros de seus recém-empossados ministros Foto: Givaldo Barbosa
Extra

Em seu primeiro discurso como presidente em exercício, horas após o afastamento de Dilma Rousseff ser confirmado pelo Senado, Michel Temer não poupou elogios à Operação Lava Jato. “Tornou-se referência e deve ter prosseguimento contra qualquer tentativa de enfraquecê-la”, frisou, ao lado de 23 ministros recém-empossados — oito deles citados, em algum momento das investigações capitaneadas pelo juiz Sérgio Moro, assim como o próprio Temer.
O novo secretário de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), enfrenta a suspeita de ter negociado propina com a empreiteira OAS. Já Henrique Eduardo Alves (PMDB-RJ), que volta ao Ministério do Turismo, chegou a ter um mandado de busca executado pela Polícia Federal em seu apartamento. Ambos também ocuparam cargos em governos petistas.
O ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), é outro que chegou a atuar como aliado do PT, tendo sido líder dos governos Lula, Dilma e até FHC no Congresso. Além da Lava Jato, Jucá também está envolvido em denúncias vinculadas à Operação Zelotes.
O novo ministério de Temer tem ainda cinco nomes citados em uma lista de doações da empreiteira Odebrecht, fonte de investigação na Lava Jato — ainda que, até o momento, não se saiba se os valores repassados representam irregularidades. São eles: Raul Jungmann (PPS-SP), Ricardo Barros (PP-PR), Mendonça Filho (DEM-PE), José Serra (PSDB-SP) e Bruno Araújo (PSDB-PE).
Já Dilma, no momento em que foi afastada, precisou exonerar 31 ministros. Destes, sete eram citados na Lava Jato — seis deles oficialmente investigados ou mencionados em delações premiadas, e um que aparece apenas no listão da Odebrecht.
Entre os ministros da presidente afastada, eram ou foram formalmente investigados Aloizio Mercadante, da Educação; Edinho Silva, da Comunicação Social; e o secretário de Governo Ricardo Berzoini. Já Miguel Rosseto, de Trabalho e Previdência, Carlos Gabas, que ficou apenas duas semanas como secretário de Aviação Civil, e o ministro da Defesa Aldo Rebelo tiveram os nomes envolvidos no conteúdo de delações premiadas vinculadas à Lava Jato. Por fim, Armando Monteiro Neto, da pasta Desenvolvimento, Indústria e Comércio, consta na lista de políticos que receberam doações da Odebrecht.
Vale frisar que o ex-presidente Lula, que vem sendo um dos principais alvos da operação, só não era ministro por força de uma decisão judicial. Nomeado para a Casa Civil em março, Lula foi impedido de assumir depois que Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, entendeu que a escolha do ex-presidente para o posto representava um desvio de finalidade, uma vez que teria o objetivo de lhe conferir foro privilegiado nas investigações da Lava Jato.

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