Operação Carbono-14 aprofunda investigação sobre esquema do banco Schahin
Foto: Agência Brasil
A Operação Carbono-14, como foi batizada a 27ª fase da Operação Lava Jato,
foi deflagrada na madrugada desta sexta-feira (1º) para aprofundar a
apuração sobre o esquema de lavagem de dinheiro envolvendo contratos
entre o Banco Schahin e a Petrobras. De acordo com o Ministério Público
Federal (MPF-PR), as operações envolveram cerca de R$ 6 milhões
provenientes de crime de gestão fraudulenta. A partir das investigações
da Lava Jato, foi identificado que o pecuarista José Carlos Bumlai,
preso em novembro do ano passado, contraiu um empréstimo de R$ 12
milhões junto ao banco Schahin em outubro de 2014. O valor, aponta a
força-tarefa, era destinado a quitar dívidas do PT e foi pago por meio
da contratação, em 2009, da Schahin, de forma fraudulenta, como
operadora do navio-sonda 10.000 da Petrobras, ao custo de R$ 1,6 bilhão.
Do empréstimo pedido por Bumlai, ao menos R$ 6 milhões foram repassados
a um empresário de Santo André, Ronan Maria Pinto, que é alvo de
mandado de prisão temporária na 27ª fase. A decisão judicial que
autoriza a operação aponta que “a fiar-se no depoimento dos
colaboradores e do confesso José Carlos Bumlai, os valores foram pagos a
Ronan Maria Pinto por solicitação do Partido dos Trabalhadores”. Ainda
segundo a força-tarefa, os recursos chegaram ao PT por meio de um
esquema envolvendo Ronan, pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores, e
terceiros envolvidos na operacionalização da lavagem do dinheiro. O MPF
afirma que há evidências de que o Partido dos Trabalhadores influiu
diretamente junto ao Banco Schahin na liberação do empréstimo a Bumlai. O
dinheiro chegou ao destino final após passar por várias etapas:
inicialmente Bumlai fez transferências para o Frigorifico Bertin, que,
por sua vez, repassou aproximadamente R$ 6 milhões a um empresário do
Rio de Janeiro que também estaria envolvido no esquema. Por fim, há
indícios de que este empresário fez transferências diretas para a
Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus controlada por Ronan Maria
Pinto, e para outras pessoas físicas e jurídicas que teriam sido
indicadas pelo empresário para receber os valores. Entre os indicados
por Ronan, estava o então acionista controlador do jornal Diário do
Grande ABC, que recebeu R$ 210 mil em 9 de setembro de 2004. Na época em
que ocorreu a transferência, o controle acionário do jornal estava
sendo vendido a Ronan Maria Pinto, em parcelas do mesmo valor – a
força-tarefa suspeita que uma parte das ações foi comprada com o
dinheiro proveniente do banco Schahin. Um contrato de mútuo (empréstimo
que envolve bens fungíveis, que sofrem desgaste com o tempo) fraudulento
foi uma das formas de ocultar a origem do dinheiro. O documento foi
apreendido em fase anterior da Lava Jato. Entre os alvos da operação
desta sexta estão outros suspeitos de participação no esquema. Uma dos
possíveis envolvidos foi recebeu recursos de pessoas e empresas que
mantinham contratos com a Petrobras e que já foram condenadas no
contexto da Lava Jato. De acordo com o MPF-PR, os pagamentos ocorreram
ao menos até o ano de 2012.
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