Especialistas analisam o documento ‘Uma ponte para o futuro’, considerado o programa de governo de Michel Temer
Nesta
semana que pode ser a última de Dilma Rousseff como presidente do país,
sobram dúvidas sobre como se comportará o provável governo de Michel
Temer (PMDB), caso o Senado Federal aprove o impeachment na votação que
deverá começar na próxima quarta-feira. Para o leitor entender o que
pode mudar na economia do país, o EXTRA selecionou sete trechos do
documento “Uma ponte para o futuro”, considerado o programa de governo
peemedebista. Para isso, sete especialistas explicam o que significa
cada proposta e quais serão seus possíveis impactos.
Em princípio, a palavra de ordem para o novo governo é economizar, segundo os especialistas consultados.
—
Como o governo vem gastando mais do que arrecada, os déficits públicos
cresceram assustadoramente, o que elevou o endividamento a níveis
preocupantes, de quase 70% do PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma
de todos os bens e serviços produzidos no país) — avaliou Alexandre
Espírito Santo, professor de Finanças do Ibmec/RJ e economista da Órama,
completando: — Minha sugestão é que se amplie a desvinculação das
Receitas da União e que se estabeleça um limite de gastos anuais, além
de retornarmos às privatizações e às concessões, para aliviar o peso do
Estado.
Roberto Bocaccio Piscitelli, professor de Finanças
Públicas da Universidade de Brasília (UnB), explicou que os juros
básicos da economia (Selic) — taxa usada pelo Banco Central (BC) como
parâmetro para a fixação de todas as demais taxas do mercado — acabam
retroalimentando os gastos do governo:
— Essa taxa acaba sendo um
referencial para todas as demais. O resultado é um sangramento contínuo
das contas públicas porque o governo tem uma boa parte dos títulos (ou
seja, dos empréstimos que ele pega com investidores) indexados à Selic
ou influenciados pelo patamar da Selic, o que (se a taxa aumenta)
consome uma parcela considerável do orçamento.
Piscitelli afirma, porém, que o programa de Temer propõe “mais do mesmo”:
—
Uma das coisas que a atual oposição e a presumível futura situação (ou
seja, os políticos que vão assumir o poder, no caso, os do PMDB) têm
criticado é a política fortemente apoiada no incremento ao consumo.
Estamos girando em torno das mesmas coisas.
Assim como Piscitelli,
o presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Júlio Miragaya,
define o programa como “pura retórica”:
— Parece uma ponte para o escuro. Não sinaliza nada para que nada possa ser cobrado.
Confira abaixo a avaliação dos especialistas.
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