Governo admite derrota, mas aposta em reversão na votação definitiva
por Fernando Duarte, de Brasília
Foto: Agência Senado
Diferente da Câmara dos Deputados, quando a base governista
insistia que era possível reverter o quadro da admissibilidade do
impeachment da presidente Dilma Rousseff até os últimos instantes antes
da votação, no Senado o tom já transita sobre o depois do afastamento da
mandatária. O discurso adotado ultrapassou o argumento do golpe e é
possível identificar sinais de que os ataques ao governo interino de
Michel Temer (PMDB) serão a estratégia adotada a partir de agora. A fala
do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) exemplifica a situação: os aliados
de Dilma colocam o peemebista como uma ameaça as conquistas da população
dos últimos 13 anos e ainda remetem a falecidos políticos como Getúlio
Vargas e Ulysses Guimarães para justificar os receios com o eventual
governo Temer. Já os oposicionistas adotam um tom celebrativo e
comemoram o afastamento de Dilma. Sugerem, como disse Cássio Cunha Lima
(PSDB-PB), que a admissibilidade deve contar com 55 ou 57 votos, acima
do total necessário para o afastamento em definitivo da presidente, numa
votação posterior e última. E os governistas apostam em números
similares e apostam na reversão caso o governo Temer - "ilegítimo", como
frisam - não decole. Se na Câmara foi um circo de horrores e de
disputas de blefes, no Senado há uma perspectiva mais serena e sem
maiores surpresas.
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