92% dos municípios não pagam piso dos professores; ‘Sem condições de arcar’, diz UPB
por Bruno Luiz
Foto: Reprodução / Rede Globo
O anúncio do reajuste do piso salarial dos professores de
escolas públicas, anunciado nesta quinta-feira (14) pelo Ministério da
Educação (MEC)),
não é unanimidade entre o sindicato da categoria e as prefeituras
baianas, que precisarão desembolsar mais para pagar o novo vencimento
dos profissionais de ensino. De acordo com o presidente do Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-Sindicato), Rui
Oliveira, o novo aumento seria comemorado se grande parte dos municípios
baianos pagassem o piso destinado aos professores. No entanto, quase a
totalidade das prefeituras não remunera os profissionais com este valor,
segundo Oliveira. “92% dos municípios da Bahia pagam abaixo do piso”,
afirmou em entrevista nesta quinta ao Bahia Notícias. De acordo com o
presidente do sindicato da categoria, um encontro com lideranças
regionais da entidade nos próximos dias 29, 30 e 31 de janeiro
discutirá, em Salvador, medidas para obrigarem os prefeitos a pagar o
piso, considerado constitucional desde 2013 pelo Supremo Tribunal
Federal (STF). Questionado se a crise econômica vivida pelas prefeituras
não dificultaria a remuneração, Rui respondeu que “antes da crise, eles
não pagavam”. “Nós não estamos desconhecendo a crise atual, mas isso
não é de agora. Eles preferem contratos, não pagar servidores
concursados, para pagar menos. A gente quer fazer luta, manifestação,
pressão. Vamos esperar o tempo das eleições para fazer uma pauta de luta
pela educação”, criticou. Já para a presidente da União dos Municípios
da Bahia (UPB), Maria Quitéria, o problema não está no novo piso
salarial, mas na incidência dele em vantagens atreladas aos vencimentos
dos profissionais, previstas em planos de cargos e salários. “Você tem
professores que não ganham esse valor do piso. Os professores quarenta
horas ganham R$ 4 mil, R$ 5 mil, por exemplo. O valor do piso é justo. O
problema mais grave é o plano de cargos e salários, é o que incide
sobre ele”, explicou. Ela destacou que o valor-aluno pago pelo governo
federal às prefeituras “não é suficiente” e relatou que há municípios em
que 100% da verba destinada pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb) é gasta apenas com salários dos professores. “Por isso que o
piso se tornou algo tão discutido, é um dos maiores salários dos
municípios, são vantagens e benefícios que se colocam acima do piso. Se a
gente tivesse repasse para pagar, não tem problema. A gente não vai ter
condições de arcar, muitos municípios terão dificuldades”, afirmou.
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