Dilma afirma que não há provas contra Lula na 22ª fase da Lava Jato
por Vera Rosa, enviada especial | Estadão Conteúdo
Foto: Reprodução/ Veja
A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira, 27, que não há
provas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na 22.ª fase da
Operação Lava Jato e criticou as "insinuações" contidas nos vazamentos
da investigação. Dilma ficou irritada quando foi questionada se a Lava
Jato estava se aproximando de Lula e disse que, "ao contrário do mundo
medieval", o ônus da prova cabe a quem acusa. Ao ser questionada se o
ex-presidente seria o alvo da Polícia Federal, Dilma fechou o semblante.
"Eu me recuso a responder pergunta desse tipo porque se levantam
acusações, insinuações e não me dizem por que, quando, como, onde e a
troco do quê", disse ela em Quito, logo após discursar em um retiro com
chefes de Estado e de governo que participam da IV Cúpula da Comunidade
dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Dilma disse achar
"extremante incorreto" esse tipo de vazamento das investigações e citou
até os ideais da Revolução Francesa para dizer que o ônus da prova cabe a
quem acusa. "Se alguém falasse a respeito de qualquer um de nós aqui,
que a nova fase da Lava Jato levanta suspeitas sobre você, e você não
soubesse do que é suspeita, como é que é suspeita e de onde vem a
suspeita, você não acharia extremamente incorreto, do ponto de vista do
respeito?", perguntou ela. "Quem prova - acho que foi a partir da
Revolução Francesa, se não me engano, foi com Napoleão - a
culpabilidade, ao contrário do mundo medieval, o ônus da prova é de quem
acusa." Para a presidente, o inquérito e as investigações existem para
apurar os fatos, e não para vazar informações ainda sob análise. "Antes
como você provava? Eu dizia que você era culpado e você lutava comigo.
Se você perdesse, você era culpado. Então, houve um grande avanço no
mundo civilizado a partir de todas as lutas democráticas." A reportagem
perguntou a Dilma se a Lava Jato atrapalhava a economia. "Não, querida,
eu não vou responder. Sinto muito. O FMI acha. Eu acho que vocês devem
perguntar ao FMI", respondeu a presidente, numa referência ao relatório
do Fundo Monetário Internacional (FMI). Na última sexta-feira, Dilma
disse ter ficado "estarrecida" com o documento, que apontou a duração da
instabilidade política e a continuidade das investigações da Lava Jato
como causas da crise econômica brasileira.
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