'Tropa de choque' de Cunha já trabalha para escolher sucessor
Foto: Reprodução / TV Globo
Parlamentares próximos ao deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
elaboram estratégias para tirar do cargo o sucessor, deputado Waldir
Maranhão (PP-MA), e desse modo eleger um deputado alinhado ao
peemedebista na presidência da Câmara. Após a decisão do Supremo, a
residência oficial do presidente da Câmara virou local de peregrinação
de aliados. Passaram pelo local o líder do PP na Câmara, Aguinaldo
Ribeiro (PB), e os deputados Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Beto Mansur
(PRB-SP), Rodrigo Maia (DEM-RJ), Wellington Roberto (PR-PB), entre
outros. A reunião se estendeu até depois das 22h30. Aliados de Cunha
chegaram a sugerir que o peemedebista renunciasse à presidência,
negociando em troca a manutenção de seu mandato. Como o Supremo também o
afastou do seu mandato, líderes consideram "muito difícil" ele
renunciar. Com isso, o cargo de presidente da Câmara não estará vago, o
que torna impossível a realização de nova eleição. Pela interpretação do
regimento interno feita pela Secretaria-Geral da Mesa Diretora, só
seria possível eleger um presidente da Casa em caso de morte, renúncia
ou perda de mandato, o que não é o caso de Cunha. Com isso, pela
interpretação da Mesa, Waldir Maranhão tem o direito de permanecer
presidindo interinamente a Câmara enquanto Cunha estiver
afastado. Diante desse cenário, aliados pretendem pressionar Maranhão a
renunciar ao cargo e, assim, forçar uma nova eleição. Para o núcleo
próximo a Cunha, formado por integrantes do chamado "centrão" (PTB, PSC,
PSD e PSB) e da oposição (PSDB, PPS, DEM e SD), Maranhão não tem
condições de presidir a Casa. Isso porque, segundo deputados desse
grupo, ele não resistiria às pressões do cargo. Se Maranhão renunciar, o
segundo vice da Câmara assume interinamente o comando da Casa e, em até
cinco sessões, deve convocar novas eleições para o posto de primeiro
vice-presidente, que, depois de eleito, viraria presidente interino.
Nesse caso, outros partidos também poderiam concorrer ao posto. Cunha,
então, poderia atuar para manter um deputado de sua confiança no comando
da Casa. Entretanto, por meio de assessores, Maranhão afirmou nesta
quinta que não há chances de renunciar ao cargo. Assim, outras
estratégias estão sendo avaliadas para tirá-lo do cargo. O líder do PPS,
Rubens Bueno (PR), não descarta, inclusive, questionar na Justiça a
permanência interina de Maranhão na presidência, por, assim como Cunha,
ser investigado pela Lava Jato. Outra saída para tirar Maranhão do cargo
é articular sua expulsão do PP por ter descumprido decisão da sigla ao
votar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O PP tinham
fechado questão pró-impeachment. Segundo a Secretaria-Geral da Mesa, a
vaga de vice-presidente é da legenda, pois sua eleição se deu por acordo
da proporcionalidade partidária. Caso isso aconteça, o partido deve
escolher internamente um deputado da sigla e indicá-lo ao cargo de
vice-presidente. Técnicos jurídicos da Câmara apontam ainda outra saída,
como acelerar o processo de cassação no Conselho de Ética do qual Cunha
é alvo. Apesar de a Secretaria-Geral da Câmara entender o contrário,
líderes do PSDB, DEM, PPS e PSB interpretaram que o cargo de presidente
da Câmara está vago, pois a decisão do STF não fixou prazo para o
afastamento de Cunha ou para o julgamento da ação penal. As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo.
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