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Chamado de Elvis, padre usa topete como o rei do rock e lança CD com pegada pop


Padre Marcos, mais conhecido como Padre Elvis Foto: Divulgação
Camila Elias

À imagem e semelhança do rei do rock, padre Marcos Roberto Pires vê, do altar, o número de fiéis multiplicar. Mais conhecido como Padre Elvis, ele atrai, a cada missa, 1.500 pessoas, que se espremem na paróquia Santíssima Trindade, no Butantã, Zona Oeste de São Paulo. O religioso, prestes a lançar o CD “O Senhor é rei ao vivo”, que chega às lojas na sexta-feira, está pronto para conquistar com louvores um público ainda maior. Em comum a seu ídolo da música, ele destaca apenas o aspecto físico.
— Essa comparação surgiu dos fiéis. Nunca neguei que sou fã do Elvis Presley desde pequeno. Além disso, o formato do meu rosto e o estilo (com direito a topete e costeleta) lembram o dele. Acredito que, por esses motivos, o povo passou a me chamar carinhosamente assim. Espiritualmente não temos nada a ver — esclarece ele, que ganhou o apelido quando dava aula de geografia em um colégio particular: — Eles falavam: “Olha o professor Elvis”.
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Elvis Presley é ídolo do Padre Marcos
Elvis Presley é ídolo do Padre Marcos
É na missa de cura e libertação, nas noites de quinta-feira, que ele mostra o seu virtuosismo performático, com um repertório de músicas animadas. Ergue as mãos aos céus e tem todos os movimentos copiados pelo público, que precisa chegar com pelo menos duas horas de antecedência para garantir um lugar junto ao novo fenômeno católico.
—Eu não imito o Elvis no altar. Levantamos os braços, mas não existe uma coreografia. Deixo que o Espírito Santo nos conduza e ficamos extasiados de tanta alegria. Tudo é muito espontâneo — descreve o padre, de 46 anos, que celebra missa uma vez por dia, exceto aos domingo, quando são três horários.
Capa do CD do padre Marcos, conhecido como Padre Elvis
Capa do CD do padre Marcos, conhecido como Padre Elvis Foto: Divulgação
O chamado de Deus
A vocação chegou mais intensamente quando estava noivo, por volta dos 30 anos. O casamento estava marcado, mas a religião fez o coração bater mais forte.
— Minha família é muito católica, sempre participei de grupos de oração. Já ouvia um chamado de Deus, mas fui ignorando. Na época era jovem, namorava... Fiquei noivo, mas ia às missas e me via no lugar do padre. Apesar de gostar muito dela, senti um chamado mais forte do que eu. Já tínhamos agendado data e igreja — lembra ele, que não contou imediatamente com a compreensão da moça: — Ela não entendeu a princípio. Não era mais jovenzinha, tinha uns 30 e poucos anos. Foi difícil, de repente viu a vida em que ela estava apostando cair pelas mãos. Mas não poderia me casar com alguém que eu não faria feliz, e eu também não seria.
O sacerdócio já possibilitou o reencontro com professores de escola, amigos de infância e de trabalho, que foram ouvir e ver o padre de perto. A ex-noiva, no entanto, ainda não deu o ar da graça.
— Não a vi na missa, nem os parentes dela que conheci. Gosto de ir lá no fundo cumprimentar as pessoas, não lembro de tê-los abraçado.
Assim como Elvis real, o padre também lida com assédio. Respeitoso, ele frisa.
— Claro que, quando jovem, a gente está aberto a relacionamentos, apareceram muitas moças interessadas. Como padre, escuto elogios, mas existe um respeito bem grande. Elas não ousam muito. Como homem de espiritualidade, acredito que não existe problema em admirar o belo.
Padre Marcos recebeu chamado de Deus quando estava noivo
Padre Marcos recebeu chamado de Deus quando estava noivo Foto: Washington Possato/Divulgação
O penteado em dia não esconde a vaidade. Parte do seu tempo ele dedica à boa apresentação para o fiés.
— É importante estar bem e ter saúde. Por isso, cuido do meu copro. Tento ir à academia quatro vezes por semana e gosto de me vestir bem. Procuro cuidar do meu visual. Estou na frente do povo, mas não é minha intenção vender a imagem do meu físico. Quero ficar bem porque aprendi a me amar como homem e sacerdote — explica o religioso, revelando como mantém os fios impecáveis: — Sempre usei o topete. A diferença é que agora ele está grisalho (risos). Corto uma vez por mês.
No próximo dia 3 de setembro, ele lança o novo álbum na igreja, que foi construída com doações e arrecadações da venda do CD “Eu vou por amor”. O espaço, inaugurado há dois anos, já ficou pequeno.
— A igreja é grande, muito bonita, inclusive as noivas ficam maluquinhas. Já estou pensando em como adquirir um lugar maior para levar essa multidão de gente. Um galpão, por exemplo — imagina ele, comentando as músicas do CD: — São 13 faixas, alegres e dançantes, de pop rock. Regravei sucessos como “Derrama o seu amor aqui’’ e o “Senhor é rei”, que dá nome ao álbum. Tenho vontade de lançar uma que fiz com a musicalidade de “I’ll never know”, de Elvis, mas com outra letra. Na igreja, já cantei “Ponha sua mão na do meu Senhor”, que ele canta em inglês.
O padre, que sonha aprender tocar guitarra e piano, se prepara para fazer shows, mas prioriza as atividades na paróquia.
— O show é uma forma de transmitir espiritualidade e um momento de oração para quem não pode vir até mim.
Por trás da batina
Vaidade
Padre Marcos conta com uma costureira para criar suas roupas mais personalizadas.
Profissões
Ele começou a trabalhar aos 15 anos, como office boy. Formado em Geografia, deu aulas em vários colégios durante sete anos.
Coleção
A partir do primeiro salário, passou a comprar discos e revistas do Elvis.
Sacerdócio
Após terminar o noivado, esperou um ano e meio para entrar no seminário. Queria ter certeza de sua vocação. Em setembro, completa oito anos como padre.
Timidez
Quando jovem, era tão tímido que chegou a ser gago.
Família
É filho de um tapeceiro, morto em 2005, e de mãe dona de casa. Tem três irmãos. Adora ir ao shopping e passear com a família.
Números
1.500 fiés se espreme na igreja, que tem capacidade para 600 pessoas sentadas
7 integrantes, entre instrumentistas e vocais, formam a banda que acompanha o padre
R$ 3 milhões é o valor do acabamento interno do templo construído com arrecadações

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