Professora é agredida por aluna e irmãs dentro de escola municipal no RS
Uma
professora foi agredida por uma aluna de 15 anos e suas duas irmãs
durante uma festa realizada na Escola Municipal Padre Afonso Kist, na
cidade de Parobé, no Rio Grande do Sul, no último sábado. Naquele dia, a
escola celebrava o Dia dos Pais com os estudantes e as famílias - com
direito a atividades de festa junina. Luciana Fernandes, de 23 anos,
professora de Ciências Biológicas, ficou responsável por uma das
brincadeiras, que tinha o objetivo de arrecadar fundos para a escola.
Foi aí que a confusão começou.
- Eu fiquei responsável pela
cadeia, brincadeira típica de festas juninas. Criamos uma prisão
simbólica, para onde as pessoas da festa podiam ser levadas - sem uso de
força física - e, depois, liberadas. O valor da “fiança” era de 50
centavos, mas não era obrigatória. Era uma brincadeira mesmo, com o
objetivo de arrecadar fundos para a escola. Em determinado momento, essa
aluna foi “presa” com um colega, que pagou a fiança dos dois. Quando
fui sair para pegar o troco do menino, ela tentou me agredir. Disse que
ia me matar - relatou Luciana.
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A
confusão foi contida pelo noivo de Luciana, que acabou levando tapas da
estudante, e por outros funcionários da escola. Luciana conta que,
depois disso, uma professora a orientou que fosse embora do local para
se proteger. Porém, antes de sair, ela foi até a sala dos professores
conversar com a coordenadora da escola sobre o caso. No meio da
conversa, a sala foi invadida pela aluna e suas duas irmãs, maiores de
idade, que partiram para cima de Luciana.
- Só ouvi a estudante
gritar: “É aquela ali!”. Depois disso, as três começaram a me agredir
brutalmente. Me deram socos, pontapés, puxaram meu cabelo. Do lado de
fora, cerca de dez familiares da menina incitavam as agressões. A
coordenadora tentou afastá-las, mas elas eram muito fortes. Não reagi em
nenhum momento - contou a professora, que não sabe quanto tempo duraram
as agressões.
A briga foi apartada pelo noivo de Luciana, que
estava do lado de fora da escola a esperando para ir embora. Quando as
agressoras foram afastadas, o casal trancou a porta da sala e, junto com
a coordenadora, aguardou a chegada da Brigada Militar. Nesse meio
tempo, Luciana conta que a família ficou do lado de fora da escola
gritando ameaças para ela. Quando os policiais chegaram, foram todos
levados para a Delegacia de Taquara, cidade vizinha, onde a ocorrência
foi registrada por Luciana como vias de fato. Todos os detidos foram
liberados e a menor foi entregue aos responsáveis.
Luciana
destaca que a estudante que a agrediu tem um histórico de comportamento
agressivo, e que a aluna sempre tentava arrumar confusão durante as
aulas.
- Ela é uma aluna problemática. Estava só esperando um
motivo para me agredir. Ela não podia ser contrariada. Caso fosse, me
xingava e ameaçava. Em outras ocasiões, já me deu empurrões, esbarrões -
relatou ela, que não sabe especificar o motivo das agressões.
A
professora conta que está afastada das duas escolas nas quais trabalha -
uma da rede municipal e outra da rede estadual - e que está à base de
calmantes. Voltar para a escola onde ocorreram as agressões, nem pensar.
-
Eu estou com medo. Não saio mais sozinha. Tive até que sair da minha
casa, com medo de represálias. Não sei o que vai acontecer daqui para
frente, mas, agora, não tenho condições de voltar a dar aulas. É uma
coisa cultural o aluno desrespeitar o professor, as famílias precisam
educar os filhos, e não defender atitudes como essa - desabafou,
destacando que vai entrar na justiça contra a família da estudante.
A
diretora da Escola Municipal Padre Afonso Kist, Maria Cleni Sarmento,
informou que a aluna será transferida para outra escola, mas que
receberá todo o apoio e amparo necessários. A diretora destacou que, em
76 anos de existência, é a primeira vez que um caso como esse acontece
na escola.
- Temos uma defasagem de professores aqui na cidade, e
alguém que se dispõe a trabalhar ainda é agredido? Ficamos muito
fragilizados com a situação, tanto professores quanto alunos. Muito
desagradável - afirmou, destacando que as aulas no colégio foram
suspensas nesta segunda-feira e que, nesta quarta-feira, será realizada
uma reunião com os pais dos alunos.
A secretária municipal de
Educação de Parobé, Maristela Rossatto, informou que foi realizada uma
reunião com professores na segunda-feira para conversar sobre o caso.
-
A conversa teve duas questões como foco: como lidar com a aluna e como
será a postura dos professores em relação a casos de agressão. Quando
uma professora é agredida, a categoria toda é agredida. Posturas
agressivas de alunos dentro de escolas são uma realidade no Brasil.
Precisamos de uma nova postura como secretaria, como educadores e na
relação da escola com a comunidade. Isso tem que ser debatido - afirmou.
A
secretária informou que o Conselho Tutelar está acompanhando o caso e
auxiliando a estudante, que contará ainda com acompanhamento
psicológico.
A delegado Gustavo Bermudes, da Delegacia de Parobé,
informou que a vítima prestou depoimento e que as mulheres envolvidas na
agressão já foram identificadas e poderão ser indiciadas por lesão
corporal.
- O caso foi registrado como vias de fato. Mas,
dependendo do resultado do exame de corpo de delito, já realizado pela
vítima, pode ser alterado para lesão corporal - explicou.
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