Lula diz que 'voltou a voar' e insinua novamente candidatura em 2018
SÃO BERNARDO DO CAMPO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
confirmou neste sábado ter embarcado em uma possível candidatura à
Presidência em 2018. Em discurso durante um seminário em São Bernardo do
Campo, Lula disse que voltou a “voar” porque seus adversários não o
"deixam em paz", ao dizerem que "o Lula está morto". Ao lado do
ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, o petista afirmou que o
"ódio ao PT" é um caso de "divã" e de preconceito contra os pobres.
—
Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho, olhando
para você. Então é o seguinte: eu voltei a voar outra vez — disse Lula,
que afirmou: — Estou na hora de pensar na aposentadoria, mas as pessoas
não me deixam em paz, os adversários.
Lula
chamou para si a disputa política ver se os opositores “dão um pouco de
sossego para a nossa querida Dilma (Rousseff)”, mas bateu numa tecla
que tem sido motivo de tensão entre a presidente e o petista: o diálogo
com a sociedade, sobretudo com os movimentos sociais, lembrando que em
seus oito anos de mandato, foram feitas 74 conferências nacionais para
ouvir a população. Para ele, os avanços acontecem quando “um governante
não se acha superior a seus governados”.
— Tenho a orelha caída de
tanto ouvir. Falo muito, mas ouço muito. Não existe outra possibilidade
de ser bem sucedido se o governante não ouvir a sociedade. A gente
ganha quando ouve — disse o ex-presidente, que sempre critica Dilma por
não ouvir conselhos.
Depois, o petista continuou:
— Ser
presidente é apenas uma função que tem prazo de validade. Você sabe a
hora que entra e sabe o dia que termina, não tem de tratar o cargo de
presidente como uma coisa absoluta.
Citando uma frase de Mujica, o
petista afirmou que nenhum líder é insubstituível, mas ponderou que há
dificuldade na formação de novas lideranças:
— A verdade é que você não cria líderes como faz pão. Sabe quanto tempo vai levar para criar um Mujica? Muito tempo.
Sem
tratar das denúncias contra o PT e alguns de seus principais nomes,
como o ex-ministro José Dirceu, Lula afirmou que o partido é vítima de
preconceito e que o ódio à legenda deveria ser debatido pelos
psicólogos:
— Pode ser que alguns tenham razão em algumas críticas, mas do que vem esse ódio. No divã tem de descobrir isso.
O
petista disse ser um cidadão “mais preocupado do que era antes" e que,
depois de muito tempo sem dar entrevistas, decidiu voltar à falar com a
imprensa, apesar de achar que "ex-presidente deve ficar quietinho,
(para) permitir que quem foi eleito governo o país".
Sobre o
preconceito de classe, Lula disse que há pessoas que preferem levar o
cachorro "para fazer cocô do que ver uma mulher pobre com uma criança
passeando na praça":
— É a primeira vez que vemos a disputa da luta de classes de cima para baixo. E por puro preconceito.
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