Crise na Venezuela faz com que traficantes troquem comércio de drogas pelo de alimentos
Foto: Reprodução / BBC
Por conta da crise econômica, até mesmo os traficantes da Venezuela
estão abandonando o comércio ilegal de drogas para se dedicar ao de
alimentos. De acordo com a BBC, o "bachaqueo" consiste em revender
produtos básicos, como farinha de milho pré-cozida, que nem sempre são
encontrados em lojas e pelos quais milhões de venezuelanos passam horas
na fila todos os dias. De acordo com a Lei de Preços Justos, que
estabelece a regulação de preços de produtos de primeira necessidade no
país, a revenda desses bens é crime sujeito a pena de três a cinco anos
de prisão. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou uma lei
que busca fortalecer as medidas policiais, articuladas na chamada
Operação de Liberação do Povo, para acabar com a revenda. "(Os
revendedores) são uma praga que estão prejudicando o povo", afirmou
Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional. De acordo com a
publicação, muitos venezuelanos veem os "bachaqueros" como um mal
necessário, e compram deles para evitar as filas, embora outros os
culpem pela origem da escassez. Esses revendedores já não são
necessariamente contrabandistas que levam produtos de um país para
outro, mas também pessoas que compram produtos em um supermercado e os
revendem no mercado negro, seja a domicílio ou em mercados informais nas
ruas. A revenda desses produtos ocorre com um preço, em média, cinco ou
seis vezes maior que o original, aponta o Datanálisis. Por exemplo: um
litro de óleo de milho, cujo preço é de 28 bolívares (cerca de R$ 15), é
encontrado no mercado negro por entre 200 e 250 bolívares (R$ 110 a R$
138). Já um quilo de frango deveria valer 65 bolívares (R$ 36), mas é
encontrado por 600 bolívares (R$ 332) em pequenos açougues.
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