Moro diz ao STF que Júlio Camargo omitiu informações sobre Cunha em delação
Foto: Gil Ferreira/Agência Brasil
O juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato na 13ª Vara
Federal de Curitiba (PR), informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que
o lobista Júlio Camargo omitiu informação sobre o presidente da Câmara,
deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nos primeiros depoimentos prestados
em processo de delação premiada. As diferentes versões apresentadas por
Camargo nos depoimentos à Justiça Federal são usadas para fundamentar
pedidos de anulação da delação do lobista feitos por réus nas ações no
Paraná e também pela defesa de Cunha. A resposta de Moro foi encaminhada
em uma reclamação proposta pela defesa do lobista Fernando Soares,
conhecido como Fernando Baiano, ao STF. No recurso, os advogados de
Baiano tentam anular a delação de Camargo alegando que em um primeiro
momento ele não relatou a participação de parlamentares no esquema de
corrupção na Petrobras e, depois, em depoimento prestado em julho, disse
que Eduardo Cunha exigiu US$ 5 milhões de propina em dois contratos da
estatal. Ao prestar informações ao STF sobre o caso, Moro reconhece que
Camargo "omitiu" informações, mas aponta que não há como dizer que o
acordo de delação não poderia ter sido homologado porque "revelou fato
que havia então omitido, de que parte da propina nos contratos dos
navios-sondas havia sido destinada ao referido deputado federal",
escreveu o juiz. O juiz Sérgio Moro reiterou o que já havia apontado ao
responder reclamação de Cunha ao STF dizendo que a "mera menção" ao
presidente da Câmara no depoimento de Camargo não transforma o deputado
em "acusado ou investigado". "O foro privilegiado não torna o detentor
inominável nas instâncias inferiores", escreveu. Cunha alega que Moro
"usurpou" a competência do STF de investigar deputados federais, que
possuem foro privilegiado perante a Corte.
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