Grande Mestre Nacional da Ordem DeMolay explica os valores defendidos pelo grupo
Fotos: Bahia Notícias
Grande Mestre Nacional da Ordem DeMolay, organização
paramaçônica para jovens do sexo masculino entre 12 e 21 anos, Thiago
Rijo é responsável por quase 60 mil membros em todo país. A instituição,
criada em 1919 nos Estados Unidos, foi instalada há 35 anos no Brasil e
já possui cerca de 550 capítulos no país, mas ainda é pouco conhecida.
Para Rijo, isso é fruto da falta de informações e do lado místico que
envolve a própria Maçonaria. “Talvez esse desconhecimento seja uma falha
nossa e a gente devesse melhorar a divulgação do que essas instituições
defendem. Mas é muito mais o medo do desconhecido”, avaliou. Na
entrevista ao Bahia Notícias, o Grande Mestre explica os valores
defendidos pelo grupo, fala sobre as perspectivas de crescimento e sobre
o que é preciso para ser um DeMolay. “Em síntese, o trabalho da Ordem
DeMolay é tentar transformar o caráter do homem quando ele ainda é mais
maleável, na sua juventude”, resume.
O que é a Ordem DeMolay?
A Ordem DeMolay é uma organização criada pela Maçonaria em 1919, nos
Estados Unidos, voltada para jovens do sexo masculino, de 12 a 21 anos.
Nela, nós tentamos passar para os meninos sete virtudes que nós
entendemos que são essenciais para a vida de qualquer um em qualquer
lugar do mundo. Os valores são: amor filial, que é amor aos pais;
reverência pelas coisas sagradas, que é respeito a todas as religiões;
cortesia; companheirismo; fidelidade; pureza; e patriotismo. Com base
nessas sete virtudes, nós temos cerimoniais ritualísticos, similares ao
da Maçonaria. Com esse trabalho, a gente tenta fazer com que os jovens
aprendam um pouco desses valores e levem eles para o resto de suas
vidas. Então, em síntese, o trabalho da Ordem DeMolay é tentar
transformar o caráter do homem quando ele ainda é mais maleável, na sua
juventude.
Vocês são um movimento que vem crescendo no Brasil...
Sim. Hoje, nós somos 60 mil membros no Brasil, estamos em todos os
estados. A Ordem chegou no país em 1980 e desde então vem crescendo.
Atualmente, temos 550 capítulos regulares - que são ligados a nós, que
pagam as taxas e têm toda documentação. Na América do Sul, também
estamos presentes no Uruguai, Paraguai, Bolívia e Peru. Também estamos
na Europa, no Canadá e nos Estados Unidos. Agora, está sendo fundado o
primeiro capítulo na África e o processo está se expandindo pro mundo. A
Ordem DeMolay está em mais de 25 países.
E na Bahia?
A Bahia é um dos estados mais fortes na Ordem DeMolay. É o terceiro
estado, com 52 capítulos espalhados por Salvador e pelo interior. Então
nós vemos a Bahia como um polo, uma locomotiva, e é um dos estados em
que a Ordem mais cresce no Brasil. É uma das referências para nós.
Dentro desse processo de internacionalização, até que ponto
você acredita que os objetivos têm sido cumpridos? Você acha que os
jovens têm realmente aderido a esses princípios que os DeMolays pregam?
A gente entende que sim. Nós sempre falamos nas reuniões que não
queremos que ele seja um bom DeMolay. Queremos que ele seja um bom
cidadão. E é isso que a gente defende. Via de regra, até o momento não
se ouviu falar se um escândalo envolvendo um DeMolay. Muitos
profissionais bem sucedidos oriundos da Ordem surgiram, apesar dela ser
relativamente nova no Brasil, que só tem 35 anos. Nos EUA, onde já
existe há quase 100 anos, já tivemos senadores, presidentes da
República, ministros da Suprema Corte. Por isso nós acreditamos que um
dia chegaremos a esse patamar. Por enquanto, nós esperamos que em breve
vamos colher o fruto de bons líderes, que é o que a nossa nação tanto
precisa.
Vocês têm esse foco na formação de lideranças. Esse seria um objetivo individual ou coletivo dentro da Ordem?
É um objetivo primordial da Ordem DeMolay, que é formar lideranças. Não
necessariamente lideranças políticas, mas que atuem em diferentes
áreas. Nós temos um lema que é a 'Escola de Líderes'. E isso é feito
através de incentivo para que eles sejam bons oradores, que defendam
suas ideias. Então a gente entende que isso é um incentivo e acaba
rendendo frutos.
Você mencionou a questão das cerimônias ritualísticas. O
sigilo, em alguns casos, cria até certo burburinho. Qual é a função
dele?
A Ordem DeMolay de fato tem algumas reuniões secretas, mas é uma
organização que nós chamamos de discreta. Ela não tem nenhum segredo em
relação aos seus objetivos, as cerimônias públicas são muito similares
às secretas. O objetivo dessas reuniões secretas é principalmente fazer
com que se estreite mais essa questão do companheirismo, da fidelidade,
da amizade entre os membros. Então, embora haja essas cerimônias
secretas, não há nada nelas que possa ter extraído algo de ruim ou algum
objetivo secreto. Tanto é que nos EUA, onde a Maçonaria tente a ser
mais liberal, os pais assistem às cerimônias DeMolays, algo que a gente
ainda está engatinhando no Brasil. Mas quem sabe no futuro não muito
distante a gente também possa ofertar isso. Então a questão do segredo
não é algo essencial na Ordem. Isso é muito local.
Por que somente homens?
Na verdade, a Maçonaria tem diferentes organizações paramaçônicas. A Ordem DeMolay é a maior organização destinada a jovens do sexo masculino. Porém, há outras duas que são destinadas a meninas na mesma faixa etária: as Filhas de Jó e as Meninas Arco-íris. As Arco-íris, inclusive, têm um cerimonial muito parecido com o nosso. As três instituições foram fundadas em datas próximas: 1919, 1920 e 1921. Então existem organizações focadas. E tem a das mulheres adultas, que é a Estrela do Oriente. Todas elas são focadas de acordo com a faixa etária e com o sexo. Mas todas têm os mesmos objetivos e estão em todo o país também.
Na verdade, a Maçonaria tem diferentes organizações paramaçônicas. A Ordem DeMolay é a maior organização destinada a jovens do sexo masculino. Porém, há outras duas que são destinadas a meninas na mesma faixa etária: as Filhas de Jó e as Meninas Arco-íris. As Arco-íris, inclusive, têm um cerimonial muito parecido com o nosso. As três instituições foram fundadas em datas próximas: 1919, 1920 e 1921. Então existem organizações focadas. E tem a das mulheres adultas, que é a Estrela do Oriente. Todas elas são focadas de acordo com a faixa etária e com o sexo. Mas todas têm os mesmos objetivos e estão em todo o país também.
Internamente, pelos treinamentos feitos, você acredita que
seria possível ter eventualmente uma organização paramaçônica que
agregue homens e mulheres, que não tenha essa questão de separação por
gênero?
O que eu noto é que o fundamento dessa separação por gênero é a seguinte: elas têm reuniões secretas. Então se já é complicado você vender a ideia de reuniões secretas de jovens do mesmo sexo, imagine isso com diferentes sexos. O fundamento principal é esse. Mas as organizações interagem. Há congressos em conjunto, em que todos participam, há esse intercâmbio. O que não há é essa fusão das atividades do dia a dia.
O que eu noto é que o fundamento dessa separação por gênero é a seguinte: elas têm reuniões secretas. Então se já é complicado você vender a ideia de reuniões secretas de jovens do mesmo sexo, imagine isso com diferentes sexos. O fundamento principal é esse. Mas as organizações interagem. Há congressos em conjunto, em que todos participam, há esse intercâmbio. O que não há é essa fusão das atividades do dia a dia.
Apesar da Ordem ter se instalado há 35 anos, ainda paira uma
certa ignorância em relação ao que vocês fazem. A que o senhor credita
essa desinformação?
Eu acho que é muito da mística da Maçonaria. A gente sabe que não faz
muito tempo, religiões eram contrárias à Maçonaria muito por
desconhecerem os seus objetivos. Tanto é que nós não advogamos em prol
de nenhuma religião. Eu acho que é essa mística em relação à Maçonaria,
essa crença que ela é uma religião quando, na verdade, é uma organização
filosófica, e também nosso passado muito ligado à Igreja Católica.
Então alguns padres ainda têm certa resistência. Mas isso não é
generalizado. Tanto que no Rio Grande do Sul os padres participam de
algumas reuniões. Talvez esse desconhecimento seja uma falha nossa e a
gente devesse melhorar a divulgação do que essas instituições defendem.
Mas é muito o medo do desconhecido.
E o que é preciso para ser DeMolay?
Além da questão da idade, você precisa ser indicado por um DeMolay ou
maçom. Você não precisa ter nenhum grau de parentesco com alguém de
dentro da Ordem, basta o convite. Se a pessoa demonstra o interesse, é
do nosso interesse também recebê-lo. É feito um escrutínio entre os
membros, de aprovação à iniciação desse jovem, mas é um procedimento
simples. Nós temos três requisitos: a idade, de 12 anos a 21
incompletos; acreditar em um ente supremo, seja ele qual for, de
qualquer religião; e ser indicado por um membro DeMolay. Pode ser um
membro com mais de 21 anos. Porque depois dessa idade, nós podemos nos
tornar diretores e continuamos DeMolays pro resto da vida. É o Sênior
DeMolay, que a gente chama.
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