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Dirceu: Do brilho à decadência


por Samuel Celestino
Dirceu: Do brilho à decadência
Foto: Veja / Reprodução
José Dirceu é um típico caso de brilho e de decadência. Nos anos 60, eram ele e Travassos, os dois grandes líderes estudantis brasileiros trocados, quando presos pela ditadura, pelo embaixador Elbrick. Foi exilado e preferiu fazer curso de guerrilha em Havana, embora dormisse mais do que treinasse. Foram 15 os jovens brasileiros deportados. No seu retorno, com a anistia, reassumiu a política, concluiu o curso universitário e integrou o nascente PT, fundado por Lula, então torneireiro-mecânico, com o auxílio de intelectuais, que pouco a pouco deixaram o PT, e as Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica, cujo expoente maior foi o frei Beto. Quando, afinal o Partido dos Trabalhadores chegou ao poder em 2003 com a eleição de Lula, ele era o segundo nome, logo depois do presidente. Ambos irmanados diante de um projeto de poder para governar 20 anos. O sucesso de José Dirceu, eleito deputado federal e transformado em chefe da Casa Civil do companheiro Lula foi imediato. Tornou-se um político de brilho mais invulgar ainda, se não desabasse embriagado no seu próprio egocentrismo. Primeiro, organizando o mensalão que o levou a ser cassado e o levou à prisão. Deu-se então a metamorfose, a impensada mudança que ocorrera na ascendência como segundo homem da República. Do líder estudantil dos anos 60, emaranhou-se no próprio sucesso, dele e do seu partido. Mesmo na chefia da Casa Civil de Lula, Dirceu não perdeu o brilho. Transferiu-o, porém, para planejar a maior estrutura de corrupção que já ocorrera no Brasil. Sabe-se, agora, que foi ele quem organizou um projeto mais corrupto ainda: o do petrolão. A ambição pelo poder, pelo enriquecimento à custa do país, o derrubou lançando-o, como se vê agora, à lama mais abjeta. Já sem poder, com os amigos dispersos, responde a outro processo depois da primeira condenação, sem a condição de réu primário. O futuro do jovem líder deverá supostamente ser o presídio, deixando, no entanto, o país semeado pela roubalheira, que não nasceu com ele. Foi aperfeiçoada. O que ocorrerá a partir da Lava Jato é uma incógnita, mas poderá levar seu líder, o ex-presidente Lula na mesma trilha. O partido que ajudou a fundar está em frangalhos, desmoralizado e o sonho dos trabalhadores desfeito. José Dirceu é o resultado do próprio poder que ele imaginou. Já com a fisionomia envelhecida, desesperado, triste, sem caminho à frente, para ele resta tão somente o passado. Se é que já não o esqueceu. Do brilho que imaginou ter, e tinha, à corrupção que comandou ao se sentir intocável.

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