Levy afirma que inflação só vai se aproximar do centro da meta em 2017
SÃO PAULO - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse na manhã desta
sexta-feira que as expectativas de inflação começam a convergir para a
meta, apesar da correção de preço de energia elétrica este ano. Mas o
centro da meta, de 4,5%, só será atingido em 2017. Para 2016, o ministro
disse que as expectativas convergem para entre 5% e 5,5% e, mais
próximo dos 4,5%, somente no ano seguinte. As afirmações foram feitas em
São Paulo, a uma plateia de mais mil empresários, durante evento da
Câmara Americana de Comércio (Amcham).
— Apesar do ajuste do
preço da energia ser bastante significativo este ano, as expectativas de
inflação voltaram a convergir na direção da meta, que é de 4,5%. Aliás,
o teto da meta foi reduzido de 6,5% para 6%. O Banco Central está
vigilante — afirmou o ministro.
No fim de junho, num esforço para
recuperar a credibilidade da política econômica e reafirmar o
compromisso com o combate à inflação, o Conselho Monetário Nacional
(CMN) reduziu a margem de tolerância da meta de inflação de 2017. A meta
foi mantida em 4,5% ao ano, mas poderá oscilar para cima ou para baixo
em até 1,5 ponto percentual, o que resulta em um teto de 6%, um patamar
0,5 ponto abaixo do limite atual, de 6,5%.
Foi a primeira mudança
nas chamadas bandas desde 2006. Naquele ano, esse intervalo foi reduzido
de 2,5 para dois pontos percentuais. De acordo com interlocutores da
equipe econômica, foi Levy quem apresentou a proposta de alteração.
Em junho, Levy afirmara que o governo estava trabalhando para trazer a inflação para o centro da meta em 2016:
— O Banco Central está vigilante e deverá continuar vigilante para que nós possamos trazer a inflação em 2016 para 4,5%.
Um mês antes, em 12 de maio, na mesma linha, também havia afirmado que a inflação em 2016 iria convergir para o centro da meta:
—
O papel do governo não é escolher os atores ou os barítonos que vão
cantar no palco. Mas garantir que o teatro esteja limpo, pronto para
funcionar e a na hora marcada — ressaltou.
A previsão de Levy de
que em 2016 o IPCA fique entre 5% e 5,5% é próxima ao que projetam os
economistas ouvidos pelo Banco Central na pesquisa Focus. O último
relatório, divulgado na semana passada, previa que no fim do ano que vem
a taxa do IPCA fique em 5,43%.
O BC, por sua vez, em seu
relatório trimestral, divulgado no fim de junho, afirmou esperar que
inflação oficial chegue a 9% neste ano, o maior índice desde 2003, mas
previu que a taxa chegaria ao centro da meta, de 4,5%, no fim de 2016.
—
Nós sabemos que 2015 é um ano de ajuste tradicional — explicou o
diretor de Política Econômica do BC, Luiz Pereira, na ocasião da
divulgação do relatório. — A melhor contribuição da política monetária
para esse círculo virtuoso e de mais crescimento é colocar a inflação na
meta de 4,5% no fim de 2016 e ancorar expectativas no médio e longo
prazos.
Na semana passada, a ata da última reunião do Comitê de
Política Monetária (Copom) foi na mesma direção e disse que estão
maiores as chances de o BC conseguir alcançar a meta de 4,5% para a
inflação oficial no fim do ano que vem, já que, para 2015, cumprir essa
tarefa é praticamente impossível.
“Os riscos remanescentes para
que as projeções de inflação do Copom atinjam com segurança o objetivo
de 4,5% no final de 2016 são condizentes com o efeito defasado e
cumulativo da ação de política monetária, mas exigem que a política
monetária se mantenha vigilante em caso de desvios significativos das
projeções de inflação em relação à meta.”
PETROBRAS, RACIONAMENTO E AJUSTE
De
acordo com Levy, os três principais riscos para o Brasil no início do
ano eram o futuro da Petrobras, o risco de racionamento de energia e se o
ajuste fiscal seria levado adiante. Para o ministro, a Petrobras está
trabalhando com transparência, criou um grupo de compliance e está encontrando novos caminhos para ser mais ágil, mesmo com um choque de preços no mercado de petróleo.
—
No setor elétrico, o governo fez os ajustes necessários e reduziu o
risco de racionamento, com peço correto da energia. E no fiscal, o que a
gente fez foi mudar a direção, estancando a deterioração das contas
públicas. O déficit primário era estrutural e vinha se deteriorando
desde 2012 — afirmou Levy na Amcham, observando que o ajuste causa certo
desconforto num cenário de desaceleração da economia.
No evento
da Amcham, que integra a agenda da entidade e debate a competitividade
brasileira, Levy afirmou que os riscos que existiam para a economia
brasileira, no início do ano, se não foram totalmente eliminados, estão
afastados e ela caminha para o reequilíbrio. A Amcham tem 5 mil empresas
associadas, sendo 85% delas brasileiras.
Levy destacou que as
contas externas também apresentam melhora, com o saldo da balança
comercial já apresentando números positivos. Ele disse ainda que a
mudança de preços relativos, com a alta do dólar, também já está
atraindo investidores estrangeiros em setores como imobiliário, por
exemplo.
— Essa recuperação das contas externas é fundamental para
reequilibrar a economia. Essa melhora, aliada às nossas reservas
internacionais e à melhora do fluxo de investimentos para o Brasil foram
citadas pela agência de classificação de risco Moody’s para manter o
grau de investimento do país — disse Levy.
Levy também citou que
as reformas em impostos como ICMS e PIS/Cofins, que estão sendo
discutidas, darão mais competitividade ao país.
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