Prima de modelo diz que quase caiu em golpe: ‘Quem vê cara, não vê coração’
A
modelo Bruna Cristine Menezes de Castro, de 25 anos, presa nesta
terça-feira acusada de estelionato, não teria poupado nem mesmo
familiares de seus golpes - sua prima, a analista de sistemas Thabata
Castro, de 29 anos, conta que quase caiu na rede da jovem. As duas são
primas por parte de pai, e, como moravam em estados diferentes - Bruna
em Goiás e Thabata, em São Paulo - nunca tiveram muito contato. Além
disso, a modelo teria morado por muitos anos, durante a adolescência, na
França com a mãe. O contato foi retomado através de redes sociais, em
2011.
- Nós conversávamos bastante nessa época. Ela contava coisas
da vida dela e eu da minha. Um dia, ela disse que o padrasto costumava
trazer produtos de fora para o Brasil porque viajava muito, e perguntou
se eu tinha interesse em algum perfume importado. Falei que sim, e ela
falou para eu depositar R$350 em sua conta. Prometeu que, no dia
seguinte, enviaria o número do código de rastreio para acompanhar o
produto. Porém, nunca enviou, apesar da minha insistência diária -
relatou.
Na
mesma época, de acordo com Thabata, Bruna contou que estava com câncer.
A analista de sistemas conta que, todas as vezes que tentava falar com a
modelo sobre o perfume, alegava que estava na quimioterapia ou no meio
de exames.
- “Vou fazer quimioterapia, depois te passo”, ou então
mandava uma amiga dizer que “retornaria assim que possível”. Eram sempre
as mesmas desculpas. Nunca acreditei que ela estivesse com a doença,
ainda mais porque ninguém da família tinha conhecimento disso. Chegou um
momento em que cansei de esperar e disse que falaria com meu tio, pai
dela, sobre a situação. Ela ficou desesperada e, depois disso, me
devolveu os R$ 350 - contou, destacando que a modelo tinha uma relação
muito conturbada com o pai.
Bruna
chegou a pedir dinheiro para o tratamento à prima, alegando que o pai
não queria arcar com os custos da doença. Segundo Thabata, o mau
relacionamento entre os dois teria culminado na expulsão da filha de
casa por conta de suas atitudes, e o homem ainda teria dito que “não
conseguia mais reconhecer a filha”. A analista de sistemas conta que,
quando soube da prisão de Bruna, ficou aliviada.
- Vi a justiça
sendo feita. Durante quatro anos ela aplicava os mesmos golpes. Ela tem
uma aparência que não leva a acreditar que faria uma coisa dessas. Mas,
quem vê cara, não vê coração - diz.
O
analista de sistemas Ryan Balbino, de 29 anos, ex-namorado de Bruna,
também foi vítima da modelo. O casal namorou por um ano à distância,
entre 2011 e 2012 - ele morava em Florianópolis, ela, em Goiânia.
Segundo Ryan, quando Bruna falou que estava com câncer, prontamente se
dispôs a ajudá-la financeiramente.
- Ela disse que estava com
câncer no colo do útero em estágio avançado. Dizia que precisava de
dinheiro para comprar remédios importados, pois o pai estaria com
dificuldades financeiras. Eu, como namorado, nunca poderia desconfiar de
que era mentira. Achava que ninguém pudesse brincar com uma coisa
dessas. Sempre dava dinheiro para ela - contou.
Além disso, a
modelo costumava pedir dinheiro a ele para, supostamente, doar a uma
creche de Goiânia. Porém, quando o rapaz pediu os comprovantes dos
depósitos para deduzir do imposto de renda, Bruna desconversou. Foi
nesse momento que Ryan começou a desconfiar da história.
- Liguei
para a Thabata, que eu conhecia do trabalho, e contei o que tinha
acontecido. Foi quando ela disse que acreditava que eu havia sido vítima
de um golpe, e que ela mesma havia passado por situação parecida -
contou.
Ao
viajar para Goiânia para tirar satisfações com Bruna, descobriu que ela
estava morando com um outro homem. O analista de sistemas foi também
atrás de familiares de Bruna, que desmentiram o câncer.
- Falei
para ela: "Ou você me devolve os 15 mil reais que te dei, ou chamo a
polícia". Esperei um mês, e nada. Fui então à Polícia Civil para
registrar um boletim de ocorrência contra ela, que está agora nas mãos
do Ministério Público - contou, destacando que, desde então, os dois não
têm mais contato.
Perfil no Instagram denunciava golpes de Bruna
De
acordo com o delegado Eduardo Prado, da Delegacia Estadual de Defesa do
Consumidor (DECON) de Goiás, Bruna atuava sempre da mesma forma -
criava perfis em redes sociais onde, supostamente, vendia celulares e
maquiagem. No entanto, o produto adquirido nunca era entregue aos
clientes. Com o propósito de alertar os internautas sobre o golpe,
vítimas da modelo criaram, há cerca de três meses, um perfil no
Instagram intitulado “Bruna Golpista”. Entre as postagens, fotos de
conversas com Bruna e dos inúmeros perfis usados por ela para anunciar
os produtos. Em uma das conversas, uma vítima diz que “ainda vai vê-la
atrás das grades” - “será?”, questinou Bruna. Até a noite desta
quarta-feira, o perfil tinha mais de 900 seguidores.
A
jovem foi presa na manhã desta terça-feira em sua casa, no bairro Setor
9, em Goiânia. Em depoimento, segundo o delegado, Bruna admitiu que
dava golpes, mas disse que fazia porque “estava se separando do marido”.
A modelo também informou para o delegado que não sabia quantas pessoas
havia lesado, nem quanto prejuízo causou. Segundo Prado, Bruna está
presa preventivamente e foi indiciada por estelionato. O delegado
informou ainda que há outras investigações contra Bruna em andamento -
como no Rio de Janeiro e Distrito Federal. A modelo tem um filho de
quatro anos.
- Ela sofre de um transtorno de personalidade. É uma
pessoa dissimulada, fria, que acredita na própria mentira. O ex-marido
entrou com uma ação anulatória de casamento contra ela quando descobriu
quem realmente era. Ela usava a beleza para atrair as pessoas, era muito
bem articulada. Uma verdadeira estelionatária - afirma Prado.
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