Coronéis que integravam cúpula da PM do Rio são presos por desviarem dinheiro do fundo de saúde da corporação
Agentes
do Ministério Público e da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria
de Segurança (Ssinte) cumprem na manhã desta sexta-feira, mandados de
prisão preventiva contra 25 acusados de integrarem uma quadrilha que
desviou mais de R$ 14 milhões do fundo de Saúde da Polícia Militar do
Rio. Entre os acusados estão três coronéis que faziam parte da cúpula da
corporação até o final de 2014: o ex-chefe do Estado-Maior
Administrativo, Ricardo Pacheco, o ex-diretor de Finanças, Kleber
Martins, e o ex-gestor do Fundo de Saúde da PM, Décio Almeida. Os
coronéis Ricardo Pacheco e Décio Almeida já estão presos e os agentes
seguem para o interior do Rio para capturar o coronel Kleber Martins.
Todos vão responder por associação criminosa. A investigação do caso
durou mais de um ano e foi feita, em conjunto, pela Ssinte e pelo Grupo
de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, do MP.
Além
deles, outros nove oficiais da corporação, onze empresários, uma
ex-funcionária civil da PM e um funcionário da Secretaria estadual de
Governo também tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça.
Segundo a denúncia do Gaeco, obtida pelo EXTRA, o grupo fez do "Quartel
General da PM um verdadeiro 'balcão de negócios' e a sede administrativa
da organização criminosa, um QG de 'tratativas criminosas', de
arrecadação de propinas e desvio de valores de verbas do Fundo de Saúde
da PM, assim como recebimento ou exigência de vantagens econômicas
indevidas".
A
quadrilha é acusada de realizar compras fraudulentas de materiais
hospitalares em processos, na maioria das vezes, sem licitação. As
empresas contratadas a partir do pagamento de propinas assinavam, em
contrapartida, contratos milionários para o fornecimento de produtos
que, por vezes, nunca chegavam aos hospitais da PM. Uma das compras
investigadas foi a de 75 mil litros de ácido peracético, usado para
esterilizar material cirúrgico, por mais de R$ 4 milhões em fevereiro de
2014. Por ano, a PM usa apenas 310 litros do produto, que jamais foi
entregue. A Medical West, empresa que forneceu o ácido, foi paga
integralmente.
Segundo a denúncia, também faziam parte do esquema
de compras as empresas Gama Med 13 Com. e Serv. Ltda., Comercial Feruma
Ltda., Bioalpha Serviços & Comércio de Materiais Médicos
Hospitalares Ltda. e M&C Comércio e Soluções de Equipamentos.
Os
investigadores concluíram que Pacheco atuava como "um verdadeiro 'capo'
mafioso", fixando os valores a serem pagos como propina por empresários
do ramo de materiais médicos. Segundo a denúncia, o oficial
"estabeleceu um aumento de 2% a 8% para 10% do valor do contrato, que
deveria ser solicitado ou exigido de todos os fornecedores que faziam
parte do esquema criminoso, passando tal orientação para o núcleo
operacional, cujos integrantes mantinham contatos estreitos e pessoais
com as sociedades fornecedoras". Além disso, era do coronel a
incumbência de dividir os valores entre os demais membros da quadrilha.
Policiais acusados:
1. Ricardo Coutinho Pacheco, coronel PM
2. Kleber dos Santos Martins, coronel PM
3. Décio Almeida da Silva, coronel PM
4. Helson Sebastião Barbosa dos Prazeres, major PM
5. Andreia Carneiro Ramos, major PM enfermeira
6. Delvo Nicodemos Noronha Junior, major PM
7. Sérgio Ferreira de Oliveira, major PM
8. Maycon Macedo de Carvalho, major PM
9. Artur Cruz Junior, major PM
10. Luciana Rosas Franklin, capitã PM
11. Dieckson de Oliveira Batista, tenente PM
12. Marcelo Olímpio de Almeida, subtenente PM
13. Ana Luiza Moreira Gaspar, ex-funcionária civil da PM
Empresários acusados:
14. Claudia Lucia de Souza, da Gama Med 13 Com. e Serv. Ltda.
15. Ilma Maria dos Santos, da Gama Med 13 Com. e Serv. Ltda.
16. Claudio Teixeira da Silva, da Gama Med 13 Com. e Serv. Ltda.
17. Artilano Francisco da Silva, da Comercial Feruma Ltda.
18. Joel de Lima Pinel, da Bioalpha Serviços & Comércio de Materiais Médicos Hospitalares Ltda.
19. Cainã Albuquerque Pinel, da Bioalpha Serviços & Comércio de Materiais Médicos Hospitalares Ltda.
20. Temístocles Tomé da Silva Neto, da Bioalpha Serviços & Comércio de Materiais Médicos Hospitalares Ltda.
21. Tiago Medeiros Cunha, da M&C Comércio e Soluções de Equipamentos
22. Luciene Moreira Andrade, da M&C Comércio e Soluções de Equipamentos
23. Rodrigo Gomes Theodoro dos Santos, da Medical West
24. Leonardo Pereira dos Santos, da Medical West
Lobista acusado:
25. Orson Welles da Cruz, servidor público ocupante de cargo comissionado na Secretaria estadual de Governo do Rio, membro suplente da Comissão de Ética do PMDB fluminense
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