Inspirados por Temer, eleitores desabafam em cartas a políticos
“Não
tenho tempo de escrever cartas”, decreta a vendedora Suliane Mendes, de
31 anos. Para quem acorda às 4h30m e trabalha até as 22h, todos os
dias, na Central do Brasil, na região dentral do Rio, o texto escrito
pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) à presidente Dilma Rousseff e
o vale-tudo, ontem, na Câmara dos Deputados, em Brasília, parecem cenas
de uma novela mexicana. Aos políticos, pediria o que falta à realidade
do trabalhador: saúde, empregos e o fim da corrupção. Ontem, o EXTRA
entregou a caneta ao povo para que escrevesse seus pedidos às
autoridades. Um deles permeou todas as cartas: mais respeito à
população.
— A gente se sente abandonado — reclama Suliane.
Ao
lado da mulher e da filha de 1 ano e 2 meses, o auxiliar administrativo
Willian Alves, de 23 anos, lamenta que a briga política esteja
monopolizando os holofotes em um momento em que o povo pede providências
concretas contra a crise econômica do país:
— Eles ficam de
picuinha. Existe um total descaso com a saúde em meio a um surto de zika
vírus. É uma verdadeira guerra particular entre os políticos. E quem
sofre é o contribuinte.
Para o comerciante Alan Rainer Pontes, de 49 anos, existe uma briga de vaidades entre PMDB e PT.
— Essa disputa vai minando o país, gera insegurança, paralisa investimentos e provoca ainda mais recessão. Quem sofre é o povo.
O
pipoqueiro Ronaldo Soares, de 37 anos, conhece muito bem o perrengue da
população. Aos 7 anos, teve que parar de estudar para ajudar os pais na
lavoura. Três décadas depois, ainda luta para comprar sua casa:
—
Batalhei a vida toda e ainda não sei quando terei casa própria. Os
políticos ficam brigando, discutindo quem está sendo responsável pela
falência do Brasil. Enquanto isso, a população está sacrificada. Falta
segurança, saúde, educação. O povo não tem nada!
Nenhum comentário